Maria Barroso

Maria de Jesus Simões Barroso Soares nasceu a 2 de maio de 1925, na Fuzeta, em Olhão. Fez a instrução primária entre Lisboa e Setúbal, devido à atividade política do pai. Após o ensino secundário nos liceus Dona Filipa de Lencastre e Pedro Nunes, em Lisboa, inscreveu-se no Conservatório Nacional, concluindo o Curso de Arte Dramática em 1943. Fez a sua estreia no teatro com a peça "Sua Excelência, o Ladrão", no Teatro Ginásio. Integrou a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, no Teatro Nacional Dona Maria II, onde contracenou com Palmira Bastos, Maria Matos, Amélia Rey Colaço, entre outros. Representou diversas peças, entre as quais, "Benilde ou a Virgem Mãe", de José Régio, e "A Casa de Bernarda Alba" de Frederico Garcia Lorca, a qual foi impedida de representar pela PIDE. Frequenta o curso de Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa, e que concluiu em 1951. Em 1945, na faculdade, conhece Mário Soares, casam em 1949, por procuração, devido ao facto de Mário Soares encontrar-se preso na cadeia do Aljube e tiveram 2 filhos. Participou nas campanhas eleitorais para a Presidência da República dos generais Norton de Matos e de Humberto Delgado, destacando-se nesta última o seu dinamismo na organização da candidatura do "General sem Medo". Pela sua intervenção política na defesa da liberdade, foi proibida pelo Estado Novo, de representar, de lecionar, tanto no ensino público como no privado, assumindo a liderança do Colégio Moderno, onde foi diretora durante décadas. Maria Barroso protagoniza o filme "Mudar de Vida" realizado por Paulo Rocha. Em 1966 interpretou o monólogo "A Voz Humana" de Jean Cocteau, peça proibida pelo regime, sendo a última vez que representou no teatro. A luta pela liberdade e pela democracia levou-a a integrar várias estruturas oposicionistas. Foi membro da Associação Feminina para a Paz, do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e do MUD Juvenil. Sempre com um papel destacado na oposição, foi a única mulher a intervir na sessão de abertura do III Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em 1973, e a única mulher presente no congresso fundador do Partido Socialista, na Alemanha. Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em Paris, com o seu marido Mário Soares, no "comboio da liberdade", em 28 de abril de 1974. Participou no filme "Benilde ou a Virgem Mãe", realizado por Manoel de Oliveira. Foi candidata à Assembleia Constituinte em 1975 e eleita deputada à Assembleia da República em várias legislaturas, entre 1976 e 1983. Durante os mandatos de Mário Soares como Presidente da República, teve um forte empenho em causas culturais, sociais e humanitárias. Em 1994, criou a Fundação Pro Dignitate - Fundação para os Direitos Humanos e contra a Violência. Em 1997 assumiu a presidência da Cruz Vermelha Portuguesa, exercendo o cargo até 2003, e é condecorada com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a 7 de março do mesmo ano. Maria Barroso publicou livros, recebeu vários prémios, condecorações e doutoramentos Honoris Causa. Morreu a 7 de julho de 2015, aos 90 anos de idade, em Lisboa.