Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888, mas viveu a sua infância em Durban, na África do Sul. Alguns anos depois de regressar a Portugal para completar os seus estudos, e quando já tinha iniciado a modesta atividade profissional de tradutor comercial que exerceria ao longo de toda a vida, começa a publicar os seus primeiros textos e participa ativamente em tertúlias literárias, sendo um dos fundadores em 1915 da revista “Orpheu” – onde também colaboravam Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros ou Santa-Rita Pintor – publicação seminal responsável pela introdução do Modernismo em Portugal. Poeta “plural como o Universo”, e que assumia que “ser poeta e escritor não é profissão, mas vocação”, a sua escrita é muitas vezes impossível de catalogar ou definir, até pela multiplicidade dos heterónimos que figuram na autoria de muitas das suas obras – onde se destacam Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, e Bernardo Soares – constituindo também por isso uma profunda reflexão sobre a relação entre a verdade, a existência e a identidade. A figura de Pessoa, um homem profundamente introvertido e melancólico, acaba assim por se fundir com a dos seus heterónimos, espelho duma ambição de viver outras vidas, expandindo a sua existência para além da simples condição de empregado de escritório que vivia modestamente e praticamente sem vida social. Paradoxalmente, para quem escrevia compulsivamente “como se fosse muitos”, Fernando Pessoa apenas publicou em vida alguns textos e poemas dispersos e, um ano antes da sua morte, a coleção de 44 poemas “Mensagem”, obra épica, metafórica e profética, onde apresenta a sua visão patriótica dum Quinto Império, tentando encontrar um sentido para a antiga grandeza de Portugal e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Aquele que trazia consigo “todos os sonhos do Mundo” e para quem “a Pátria é a língua portuguesa”, viria a falecer em 1935 tal como viveu, só.