Albernoa
Freguesia do concelho de Beja, Albernoa é uma aldeia que sofreu duramente com os custos da emigração. Antes do 25 de abril, os baixos salários e as poucas oportunidades de trabalho provocaram a miséria e a desigualdade social. Depois do 25 de abril os trabalhadores rurais e os pequenos agricultores procuram lutar para mudar as suas condições de trabalho, e fazer face à difícil situação laboral e económica que sempre viveram.
Resumo Analítico
Paisagens de baldios agrícolas; homens trabalham em tratores; poste de eletricidade; estrada com placas indicativas de Albernoa, Castro Verde e Faro; vistas gerais de habitações e baldios agrícolas; fraco movimento de rua; jornalista entrevista grupo de mulheres e alguns homens sobre as condições de vida e de trabalho em Albernoa antes e depois do 25 de abril, em que a única coisa que mudou foi ganharem “uns ordenadozinhos maiores, mas quanto ao resto ficou na mesma” ao que a jornalista diz “e puderem falar” e senhora responde “por mim gostei do 25 de abril, foi a liberdade que é uma coisa muito linda () mas eu respeito tudo () para mim foi sempre o mesmo”, sobre a capacidade de trabalho dos habitantes e união dos mesmos, com destaque para 28 de setembro e 11 de março em que se juntaram todos, alternado com planos aproximados de caras de mulheres e homens. 09m53: Paisagem de baldio agrícola com agricultor a trabalhar em veículo agrícola; imagem noturna de entrevista assalariado rural de Albernoa sobre a união entre assalariados rurais e os pequenos agricultores, no Alentejo, e os problemas que daqui advém; vistas gerais de habitações e campos agrícolas que rodeiam a freguesia e paisagem de campos agrícolas alternado com fraco movimento de rua; rua vazia; morador, acompanhado por cão, puxa dois burros em rua, enquanto acende cigarro. 14m46: Declarações de José Lampreia, presidente da Junta de Freguesia de Albernoa, sobre as eleições que lhe atribuíram o referido cargo e as suas iniciativas na área da educação e da sanidade alternado com exterior de escola requalificada e barranco “que era um foco de infeção” e sobre uma reunião da Câmara, onde se reuniram todas as juntas de freguesia com reivindicações e queixas. 16m41: Paisagens de baldios junto a habitações, alternado com jornalista entrevista José Lampreia sobre a demarcação dos baldios após o 25 de abril pois somente nessa altura “sentimos os braços livres, os espaços livres”, iniciativa da Junta de Freguesia, do Sindicato, da Casa do Povo e ação do povo, com destaque para o caso de um latifundiário que não queria aceitar uma parte que estava arrendada a um cavalheiro que “vá, era e é um fascista” mas que acabou por ser obrigado a tal, e sobre o que mudou na sua vida após o 25 de abril “Mudou tanto que só a alegria de ver isto mudado. Quando eu saía para a rua, porque eu fui infelizmente passei pelas mãos da PIDE, tenho marcadas nas costas () fui companheiro de Pedro Soares durante 14 meses e mais alguns () passámos fome mas nunca me rebaixei, nunca dobrei”. 20m33: Paisagem de baldio junto a habitação; entrada da “Vivenda Adélia” com as faixas “Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas” e “Ocupada pelo Povo”; cruz no topo de torre; entrada de edifício com a faixa “Infantário Popular”; interior do lagar da aldeia com máquinas mecânicas paradas; jornalista entrevista José Damásio, da comissão do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, sobre a primeira greve após o 25 de abril que teve a sua origem no despedimento de dois trabalhadores do lagar, sobre as restantes comissões sindicais, salários unificados dos trabalhadores independentemente das funções que desempenhassem, e diferença entre o salário dos homens e das mulheres, sendo que estas recebem menos, e respetivo trabalho, alternado com máquinas mecânicas paradas e vista geral de propriedade agrícola com gado bovino. 27m08: Paisagem em movimento de campos agrícolas e baldios; homens trabalham na terra com recurso a tratores de ceifa e respetivos planos aproximados dos veículos; Moreira, representante da Comissão de Trabalhadores, apresenta proposta sobre a criação de uma única cooperativa entre aldeia e freguesias que trabalhe nos moldes enunciados alternado com assistência, constituída exclusivamente por homens; planos aproximados das caras de homens; intervenções de homens na assistência em concordância com a proposta e do próprio Moreira em resposta. 31m03: Topo de árvore seguida de paisagens de campos agrícolas, com trabalhador em veículo agrícola; propriedade agrícola com gado bovino; imagens noturnas de entrevista a trabalhadores sobre o trabalho da sua unidade coletiva de produção, para quem reverte os lucros da produção, após distribuição de salários, a diminuição do gado e a redução, por parte do latifundiários, dos efetivos da pecuária após o 25 de abril, a ocupação de propriedades já cultivadas “O nosso pensamento foi que devíamos acabar com o patrão, devíamos deixar de ter patrão. Acho que a única possibilidade seria nós ocuparmos a propriedade”, participação dos trabalhadores e se existem problemas entre os mesmos, grau de intervenção do Sindicato de Trabalhadores na referida unidade, o que entendem por reforma agrária e o papel e importância da pecuária na dita reforma alternado com o processo de ordenha mecânica de vaca e gado bovino dentro de cerca de propriedade. 38m14: Grupo de mulheres trabalha na apanha da azeitona em propriedade agrícola; jornalista entrevista trabalhadoras sobre a propriedade onde trabalham, nomeadamente se a mesma integra a reforma agrária, quem é o patrão “Olhe isso agora é que não lhe sei dizer. Por onde é que lhe pegou? Isto agora é uma comissão. São 7 ou 8 todos a mandarem, não sei por onde me pego”, qual o trabalho do “manageiro” ou capataz, os salários que recebem em comparação com o do “manageiro” “Tem sido sempre assim, já no outro tempo dos fascistas () os homens ganhavam sempre mais do que as mulheres, e agora há essa diferença à mesma”, os salários e o trabalho antes do 25 de abril, crianças que trabalham no campo ou que continuam na escola, as condições de trabalho após o 25 de abril “Não mudou nada” “Não senhora, mudou um bocadinho. () então agora obrigaram a dar trabalho ()” “Mas também digo, que não queriam os patrões porque os patrões mandavam e agora todos mandam e querem que a gente ande debaixo das patas do sindicato, diz assim que assim é que é. E se acabaram os patrões também podiam acabar os sindicatos que não fazem falta, porque sem reforma agrária o sindicato não representa cá nada” e o que gostavam que mudasse, alternado com o “manageiro” ou capataz da propriedade a transportar escadote e saco, plano aproximado de mãos de trabalhadora, mulheres apanham azeitona. 42m46: Jornalista entrevista trabalhadora, enquanto apanha azeitonas de oliveiras, sobre o que mudou após 25 abril “Trabalhamos para a gente, pois ao contrário de antes que andávamos a trabalhar pra os patrões, que eram uns fascistas () ”; jornalista entrevista trabalhador sobre quem orienta o trabalho na propriedade, as funções da comissão, ausência de homens durante a apanha da azeitona, os salários dos homens e das mulheres e porquê a diferença de valores com intervenção da trabalhadora entrevistada anteriormente “Porque isto não está preparado ainda para ganharmos todos o mesmo porque a agricultura estava muito atrasada” mas “esperamos ganhar todos o mesmo”: mulheres trabalham na apanha da azeitona. 45m42: Homens trabalham na propriedade de Pereiras com recurso a veículos agrícolas alternado com jornalista entrevista trabalhadores sobre se já ali trabalhavam antes do 25 de abril, o que mudou “Para mim, mudou simplesmente o patrão, é o que fazia cá menos falta”, quem orienta o trabalho, desemprego antes do 25 de abril e expetativas futuras “Da nossa parte acho que não volto para trás”; paisagem em movimento de campo agrícola; plano fixo de paisagem.