O Meu Tempo é Hoje: António Lobo Antunes
Entrevista de Fátima Campos Ferreira a António Lobo Antunes, em que o escritor reflete sobre a vida e a passagem do tempo, e partilha as suas ideias sobre a situação de Portugal e da Europa.
Resumo Analítico
O escritor fala do cancro que lhe afetou os pulmões, das pessoas que encontrou na mesma situação e da forma como sem queixas encaram o sofrimento; da amizade e dos amigos; da relação com os pais, com os irmãos e com as filhas; da indignação com o que fizeram ao país; do povo "que aceita tudo"; da "infantilidade" da juventude atual; considera que "um império dura três gerações, a que o constroi, a que o mantém e depois começa o declínio" por isso, não o espanta o colapaso dos grupos económicos; sente-se "mais próximo de um africano ou de um árabe" do que de um europeu do norte da Europa; não duvida que o atual governo perca as eleições; critica o mau português falado pelos governantes atuais; critica o percurso de vida dos políticos que cedo ingressam nas juventudes partidárias, estudam em universidades privadas (menos exigentes) e "vão subindo (...) na máquina do partido"; recorda políticos do século XX e que não foram para a política; considera que Portugal continua com classes sociais muito estratificadas; que Angela Merkel, chanceler da Alemanha "consegui tanto como Hitler sem matar ninguém"; fala da crise económica que afeta a vida e a saúde dos portugueses; do Papa Francisco e das diferenças que vê nele enquanto recorda o catecismo "terrível" que aprendeu em criança; da solidão das noites hospitalares; conta a história de Malangatana, pintor moçambicano que morreu de cancro no pulmão e que quis ser tratado em Portugal por ser "mais perto", e que enquanto houver pessoas que se refiram assim a Portugal há esperança para o país; não conseguiria viver com uma mulher que não se expressasse na mesma língua; confessa a sua admiração por Tony Carreira, cantor apesar de nunca o ter ouvido cantar; gosta do mau gosto português; comenta a roupa íntima feminina e a atitude os homens em relação ao sexo; diz que continua a fumar porque lhe dá prazer; não considera importante ganhar o Prémio Nobel da Literatura, mas considera "inevitável"; fala do terrorismo islâmico como "uma perversão completa do Corão" e de quem considera ser o seu deus.