Escrever, Escrever, Viver

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Documentário sobre o escritor António Lobo Antunes e a sua obra, tomando como ponto de partida a atribuição do Grande Prémio de Literatura que lhe foi atribuído no México, na Feira Internacional do Livro de Guadalajara. Inclui excertos de diversas entrevistas dadas pelo escritor, intercaladas com imagens de arquivo alusivas ao seu percurso de vida.

  • Nome do Programa: Escrever, Escrever, Viver
  • Locais: Lisboa
  • Personalidades: António Lobo Antunes
  • Temas: Artes e Cultura
  • Canal: RTP 2
  • Menções de responsabilidade: Autor: Solveig Nordlund Produtor: Olga Toscano Realizador: Solveig Nordlund
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Cor
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3 PAL

Resumo Analítico

Início do programa com a cerimónia de entrega do Grande Prémio de Literatura da Feira Internacional do Livro em Guadalajara, México; António Lobo Antunes recebe o galardão que premeia a sua obra literária, em off narrador explica o prémio (legendado). Genérico; texto manuscrito com notas e rasuras; ringue de patinagem do Jardim Zoológico com patinador; lago com barcos (gaivotas), flamingos; hipopótamo, vistas do jardim; em off o narrador lê excerto do livro "Os Cus de Judas", de 1979. 04m31: Declarações de Lobo Antunes, Lisboa 1995, sobre a sua infância, a morada de família em Benfica, projecção de filme sobre esta sua casa tipo quinta; exteriores da mesma; o escritor relata dados da sua infância muito resguardada na família e da sua tardía percepção da morte; texto clínico manuscrito do Hospital Miguel Bombarda onde trabalhou; exteriores deste hospital, doentes psiquiátricos no recinto; em off narração de excerto do seu livro "Memória de Elefante" ( livro que acompanha a crise existencial do narrador, um psiquiatra que mora em Lisboa - alter ego do próprio Lobo Antunes). Discurso de Lobo Antunes em castelhano (legendado) na cerimónia de Guadalajara, 2008, intercalado com imagens ilustrativas do Hospital Miguel Bombarda, corredores. 09m37: Declarações de Lobo Antunes, Lisboa 1997, sobre o seu curso de Medicina, que tirou por tradição familiar embora preferisse Letras, e a escolha de Psiquiatria como a especialidade médica "mais literária", a escrita como actividade clandestina e infantil, pouco séria. Imagens a preto e branco de arquivo RTP do embarque de militares para a guerra colonial em Angola no navio "Niassa", despedidas na Doca do Conde de Óbidos, militares em viaturas nas picadas, a combater no mato; pequena dramatização em bar com casal de actores. Lobo Antunes comenta a sua experiência como médico durante a guerra colonial, as mortes, as cirurgias no mato com a ajuda de um furriel que lhe lia os procedimentos num livro de medicina; imagens de arquivo a preto e branco de avião militar a sobrevoar o mato; excerto da conferência de imprensa de Lobo Antunes em Guadalajara sobre o exército colonial português e a guerra, sobre a sua razão de escrever ("Porque não sei dançar como Fred Astair"). Casal em palco a dançar o tango; sucessão de fotografias a preto e branco da revolução do 25 de Abril, militares na rua. 16m00: Declarações de Lobo Antunes sobre o 25 de Abril e o impacto que teve em si logo após a experiência da guerra, a dualidade de sentimentos face a este acontecimento nacional, o fim da ditadura mas a perda das referências, a liberdade mas a falta de conhecimento para a usar; curta encenação num bar com casal de actores com base em textos deste autor. Cais das Colunas, em Lisboa, saída de passageiros; Lobo Antunes relata a publicação do seu primeiro romance, "Memória de Elefante", em 1979, muito autobiográfico e que funcionou como uma catarse, e logo 6 meses depois a publicação do "Os Cus de Judas", devido ao sucesso de vendas, o facto de, em 1980, um famoso agente literário em Nova Iorque querer divulgar os seus livros; vistas da FIL de Guadalajara, Lobo Antunes dá sessão de autógrafos enquanto em off uma personalidade comenta e enaltece o seu estilo literário (legendado). Cidade em obras, gruas, trânsito, trabalhadores da construção civil, prédio em construção; Lobo Antunes fala sobre as influências na sua escrita, a sua experiência africana. 25m04: Tradutora a fazer a revisão dos textos rodeada de dicionários; declarações legendadas da própria, Marianne Eyre, Tradutora sueca, sobre a dificuldade em traduzir os livros de Lobo Antunes, intercaladas com imagens de movimento de pessoas na baixa de Lisboa onde aparece o patinador do Jardim Zoológico, declarações de Mats Gellerfeldt (legendadas), que compara a escrita de Lobo Antunes à de William Faulkner e de Claude Simon devido à sua complexidade e riqueza de pormenores, "como um policial". Dançarina dança semi-nua num bar nocturno enquanto em off se lê excerto do livro "Fado Alexandrino" de 1983 (obra romanesca, com estrutura de poema alexandrino, ou seja, com versos de doze sílabas, cujo texto compõe-se de três partes: antes da revolução, a revolução e depois da revolução). Conferência de imprensa de Lobo Antunes, na FIL de Guadalajara, em que responde sobre a sua certeza de quando um livro está terminado ("quando já não nos quer mais....é o livro que diz acabei") e dá a conhecer as 3 coisas essenciais para se poder escrever: orgulho, paciência e solidão. Passageiros ao longe a sair do barco; vista do El Corte Inglés, em Lisboa, em manhã enublada. 31m56: Declarações de Lobo Antunes, Lisboa 2009, sobre o seu método de trabalho, os seus horários e as suas rotinas, de que só vai escrever mais dois livros para publicação e depois "calo-me de vez e não ouvem mais falar de mim"; revela que escreve as crónicas porque lhe pagam e são "piscinas para crianças, com água pela cintura" pois a sua vida é escrever livros. Exterior e interior da casa de morada da família; narrador lê em off o "Livro de Crónicas", de 1998, onde são reunidas as crónicas saídas na Pública (suplemento do jornal Público) e na revista Visão; interior de quarto de dormir, casa de banho antiga, sala, fotografias antigas de família, texto manuscrito, jardim, portão de entrada. Lobo Antunes fala do que põem de autobiográfico nos seus livros, fala sobre o romance "Eu Hei-de Amar Uma Pedra", de 2004 (um homem examina antigas fotografias de família e recorda-se do tempo passado), de como começou por uma história verídica que lhe contaram; casal de bailarinos dança o tango ao som do tema "Milonguera", de Carlos Gardel. Interior de hospital, médica anda no corredor, mulher entra apressada e percorre corredores do hospital, corre; patinador de patins no Jardim Zoológico enquanto em off se lê textos de "A Morte de Carlos Gardel" (Nuno é um jovem toxicodependente, no hospital, em coma, e o seu pai e madrasta dão-lhe assistência, até à sua morte, enquanto recordam períodos da vida) de 1994. 42m00: Declarações em castelhano de Lobo Antunes, legendadas, sobre as personagens dos seus livros, que são vozes como ondas que não sabe como nem de onde vêm, sobre o facto de escrever sem pontuação (ausência de pontos finais e vírgulas). Lobo Antunes refere a importância que as pequenas coisas têm após a doença ("as noites são terríveis e intermináveis no hospital"), fala sobre a doença e a frágil condição do ser humano, a ideia presente de morte, os tratamentos médicos, as lições de vida que aprendeu com os outros doentes; levanta-se quando tocam à porta, interior do seu escritório, plano próximo de um terço de madeira pousado na sua secretária, lupa, põe os óculos e examina o manuscrito que lhe trouxeram referente ao seu último livro, "Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?"; plano próximo das suas mãos a desfolhar o original já com correções; refere o muito trabalho que dá escrever, o ofício que está por trás, o como escrever lhe dá um sentido na vida, um norte, e que mesmo deixando de publicar vai continuar a escrever (para depois deitar fora), vai voltar ao anonimato pois o lado mundano de ser reconhecido é "infinitamente aborrecido". 52m34: Conferência de imprensa de Lobo Antunes na FIL de Guadalajara, ovação pública, fala (legendado) sobre o sucesso, intercalado com imagens das escadas da casa de morada da sua família, e sobre o estar em paz consigo mesmo e ter feito o melhor que podia; fim da conferência com ovação que coincide com o final do programa.

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