Greve na Cultura: Brecht em Portugal
Programa sobre a greve dos trabalhadores da Fundação Calouste Gulbenkian para reivindicar a demissão do Conselho de Administração e a encenação do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) no Barreiro pelo Teatro Cornucópia.
Resumo Analítico
Fachada da Fundação Calouste Gulbenkian: pessoas aglomeradas; faixa "Gulbenkian ocupada pelos trabalhadores - Saneamento Agora!!!". Depoimento de Alexandre Ribeiro da Comissão de Greve sobre a tomada de consciência dos trabalhadores possibilitada pelo 25 de Abril, as características da Fundação, a renovação da cultura, o caderno reivindicativo, as negociações com o Concelho de Administração e o saneamento dos administradores, ilustrado com pessoas no jardim; trabalhadores a colocar faixa com escritos; cartazes no relvado do jardim. 51m19: Trabalhador com faixa de piquete no braço; fotografias de bailado. Leitura em off do comunicado da Comissão de Greve sobre o saneamento dos membros administração da Fundação: o embaixador Marcelo Matias (ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros), Vítor Sá Machado e Guimarães Lobato. Alexandre Ribeiro fala da greve como consequência da administração não ter aceite as deliberações dos trabalhadores, da organização dos piquetes, da ocupação dos trabalhadores e do apoio de artistas como José Afonso e José Mário Branco. Sinalética para a inscrição de piquetes; trabalhadores a entrar e a sair da porta principal; trabalhadores sentados nas escadas de acesso ao auditório; piquete de greve na porta principal. Fachada do edifício e rega de aspersão em diversos pontos; avião de passageiros a sobrevoar o jardim; estátua do fundador Calouste Sarkis Gulbenkian. 57m36: Excerto do filme "Eine Bildbiographie"; depoimentos de transeuntes sobre o desconhecimento de Bertolt Brecht; placa da Secretaria de Estado da Informação e Turismo; pareceres da Secretaria (antes do 25 de Abril) reprovando a adaptação de obras de Brecht e leitura em off dos pareceres. 01h01m40: Fotografia da queima dos livros em Berlim em Maio de 1933, pelos Nacional-Socialistas. Depoimento do encenador Mário Barradas sobre a encenação de uma peça de Bertolt Brecht em Moçambique em 1966. Fotografias de Brecht. Carlos Porto, crítico de teatro, fala das relações entre o público e o teatro e da necessidade de transformar a estrutura formal da representação. Coletividade "Os Franceses" no Barreiro: atores do Grupo Cornucópia preparam as luzes e o palco para a exibição da peça de Brecht "Terror e Miséria no Terceiro Reich". Carlos Porto explica que, com Brecht, o palco deixa de ser um lugar de ilusão para ser um lugar de transformação, exigindo dos atores uma reflexão política permanente. Atores a montar o cenário; pormenores da decoração. Excertos da peça. 01h09m33: Excertos da peça intercalados com depoimentos de Carlos Porto sobre a luta de classes como motor do teatro de Brecht, as características do ator brechetiano, Brecht como criador do teatro épico, a crítica ao Grupo da Cornucópia por não ter conseguido adaptar de uma forma realista o texto de Brecht, fazendo uma representação insuficientemente política. 01h20m39: Carlos Porto, fala no oportunismo político de representar Brecht em grandes teatros, porque só deve ser representado por grupos intimistas que respeitem o espírito brechetiano. Fachadas dos teatros Capitólio, Variedades, Maria Vitória, Laura Alves, Villaret e Monumental. Crianças a tomar banho numa fonte. Depoimento de transeunte sobre o desconhecimento de Brecht. Fotografias do autor.