Entrevista a Carlos Brito

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Entrevista conduzida pela jornalista Judite de Sousa a Carlos Brito, militante do PCP, sobre a rutura existente no Partido Comunista Português, entre os chamados Ortodoxos e os Renovadores, a possível sanção de expulsão por parte dos órgãos dirigentes do Partido e os apoios que recebeu relativamente à sua posição, o teor da carta escrita por si e dirigida ao Secretariado e à Comissão Política, a crise da Esquerda na Europa, e o papel de Carlos Carvalhas no atual clima que se vive no Partido.

  • Nome do Programa: Entrevista a Carlos Brito
  • Nome da série: Grande Informação
  • Locais: Lisboa
  • Personalidades: Carlos Brito, Judite de Sousa
  • Temas: Política
  • Canal: RTP 1
  • Menções de responsabilidade: Apresentação: Judite de Sousa. Produção: Teresa Augusto. Realização: José Alves Fernandes.
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Cor
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3 PAL

Resumo Analítico

Pontos mais importantes da entrevista a Carlos Brito: - Desde os 17 anos que foi, primeiro simpatizante e mais tarde militante do partido. - As memórias ligadas às perseguições e à sua tortura permanecem, apesar de não sentir rancor (faria tudo de novo perante as mesmas condições). - Importância da sua família, militante da Oposição Republicana, que o influenciou nas ideias da Democracia. - Fala da relevância do apoio prestado pela mãe, sempre que esteve preso. - Considera ser uma grande injustiça, se for sancionado por parte dos atuais órgãos dirigentes do seu partido. - Não se pode julgar alguém em termos de militância política, sem ter em conta o seu passado. - Relativamente á acusação de estar a ir contra os estatutos do partido, afirma que tal não tem consistência, pois não existe nenhuma tentativa de criar uma fração dentro do mesmo; - Está preparado para a possível expulsão, na medida em que a partir do momento em que defende determinada posição, terá de o estar. - Tem um grande sentimento de desgosto, por considerar que está a ser alvo de uma injustiça, e pelo facto da direção do partido ter optado por um caminho persecutório e de desastre para mesmo. - Agradece à família e aos amigos (militantes do partido), que o têm apoiado nas atuais circunstâncias. - Apela para que a decisão não seja consumada, por ser um enorme erro para o partido; - Afirma existir algum paralelismo entre a atual situação e as expulsões operadas a Vital Moreira, Zita Seabra, Veiga de Oliveira e outros (10 anos atrás). - Esclarece que nunca votou a favor da saída desses sancionados, tendo sido contra a situação. - Há dez anos já pensava em algumas alterações indispensáveis para o partido e que as mesmas aconteceriam quando as pessoas, de acordo com a sua corrente, fossem uma maioria. - Até Março de 2000 foi manifestando a sua opinião em círculos restritos, posteriormente surge a carta escrita por si, dirigida ao Secretariado e à Comissão Política, onde entre outras coisas se pede o abandono da expressão Marxista-Leninista. - O teor da carta nunca foi debatido consigo e passou a ser tratado "...quase como um inimigo da Direção...". - Ser comunista "...é pensar, sonhar, trabalhar para uma sociedade em que não haja exploração do homem pelo homem...". - Propõe como alterações, o regresso a Marx e ao Marxismo que têm sido subestimados, pelo Marxismo-Leninismo, a necessidade de criar uma plataforma alternativa para uma ação dinâmica com outros movimentos de Esquerda e uma profunda democratização do partido. - As alterações propostas por si não colidem com o texto dos estatutos. - Aceita que existe uma grave crise da Esquerda, nomeadamente dos partidos comunistas; - Na hipótese de ser expulso, continuará a ser comunista e não se coloca a questão de ir para outro partido. - Quanto à atitude do secretário-geral Carlos Carvalhas, considera que "...o envolvimento dele nesta linha persecutória, é uma coisa que me choca profundamente...".

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