Temas em análise: Nomes propostos para a futura constituição do governo do Primeiro Ministro, Durão Barroso; papel de Ferro Rodrigues e do Partido Socialista enquanto Oposição; futuro do Partido Comunista; negociações para o cessar-fogo em Angola; situação política no Médio-Oriente e declarações polémicas do escritor José Saramago relativamente à situação do povo palestiniano. Pontos mais importantes da entrevista a Mário Soares: - Mais importante do que as personalidades, é saber se o governo vai ou não resolver os problemas do País "...eu (...) darei o benefício da dúvida nos primeiros seis meses, ao governo, para saber o que é que faz...". - O líder do PSD, Durão Barroso, fez bem ao enveredar pelo caminho da coligação embora, Mário Soares faça alusão a um artigo escrito no semanário "Expresso", pelo Social Democrata Duarte Lima, onde este chamava a atenção para o problema de "...como é que vão relacionar-se um líder fraco de um partido forte, com um líder forte de um partido fraco...". - Relativamente ao problema do relacionamento entre o líder do CDS-PP e o do PSD, afirma não crer que seja por um desentendimento entre os dois líderes que a coligação não dê certo, o mais importante será a equipe que vai constituir o governo e a maneira como ela governará o País. - Elogia Manuela Ferreira Leite, como futura Ministra das Finanças "...se for, é uma boa notícia para Portugal, porque para mim é uma pessoa que realmente eu considero muito (...) uma pessoa séria, capaz, persistente e forte...". - Declara que foi apoiante de Ferro Rodrigues, que este surpreendeu-o pela positiva durante a campanha eleitoral e acredita que o PS poderia ter ganho as eleições, se a campanha eleitoral tivesse continuado por mais algum tempo. - Transmite alguns recados ao PS, este tem que "...se renovar no seu interior (...) a renovação passa por um repensar do papel do Partido Socialista no mundo de hoje...". - Considera o desaire eleitoral do PCP resultante em grande parte das lutas internas, mas simultaneamente interroga-se se o partido resistirá a uma profunda mutação interna. - Relativamente à situação que se vive em Angola, considera ter algumas dúvidas sobre as notícias que chegam do país, pois as mesmas são vinculadas por meios de informação ligados às estruturas do governo, não há observadores independentes. - Estranha também que a sociedade civil angolana esteja "...silenciada...". - Considera "...uma humilhação inaceitável...", que Yasser Arafat não se possa deslocar ao Líbano, onde terá lugar a Cimeira da Liga Árabe. - Compreende a posição do escritor José Saramago, quando denunciou a "opressão" do povo palestiniano "...percebo a reação dele de indignação ao ver o que se está a passar...".