A Cultura Intelectual e a Cultura Popular – Parte II
Segunda parte do debate moderado pelo jornalista José Carlos Megre sobre as diferenças entre a cultura intelectual e a cultura popular, e a arte na revolução. Com participação do Comandante Jorge Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, Vasco Pinto Leite, diretor geral da Cultura Popular e Espetáculos, Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa, Eduardo Prado Coelho, crítico literário e de cinema, Maria Alzira Seixo, assistente da Faculdade de Letras, Frei Bento Domingues, João Bénard da Costa, do departamento de Cinema da Fundação Calouste Gulbenkian, e António Reis, realizador de cinema.
Resumo Analítico
José Carlos Megre destaca os inúmeros telefonemas recebidos durante o intervalo do programa; intervenção de Frei Bento Domingues que refere que o comportamento do poder em relação à Arte é a pedra de toque do comportamento do poder em relação ao povo e fala da sua experiência de trabalho no campo; intervenção de António Reis que contrasta os valores da cultura do povo do interior do país com os intelectuais de Lisboa; Eduardo Prado Coelho fala sobre a importância das campanhas de dinamização cultural e considera que atacar as campanhas, negando a luta ideológica, é uma atitude reacionária; Frei Bento Domingues analisa as campanhas de dinamização cultural; Alzira Seixo, Frei Bento Domingues, António Reis e Eduardo Prado Coelho debatem a interligação das campanhas com a preservação da cultura popular, o desenvolvimento das populações e a luta ideológica como base para esse desenvolvimento; José Carlos Megre conta um episódio passado com uma velhota do campo e cita dois comentários, um do melómano João Freitas Branco e outra da historiadora Maria Pereira; Sophia Breyner Andresen entende a Cultura como uma cultura de inteireza, afirma que o povo português é muito mais culto que os intelectuais de Lisboa, descreve as condições de vida das populações do interior, analisa o filme de Monteiro, descreve uma experiência cultural vivida com um pescador do Algarve, considera importante que se estabeleça um diálogo entre a cultura popular com a outra Cultura, afirma que o neorrealismo foi uma falsa cultura para o povo e que a maior parte dos escritores portugueses tem o uso burguês da Cultura, contrasta a cultura da sociedade burguesa e a do povo inserida na sua vida, afirma que não se pode levar e impingir a cultura burguesa ao povo, dando como exemplo o programa do ensino oficial; Pinto Leite objetiva e exemplifica a função das campanhas da dinamização. 28m06: Comandante Correia Jesuíno comenta a reação ao programa, salienta a importância do desenvolvimento económico das populações, mesmo que que se perca o "Mirandês", cita negativamente a carta que Bénard da Costa leu e refere que Picasso, apesar de ser comunista, necessitava de uma sociedade conservadora para vender os seus quadros, com réplica de Bénard da Costa; Bento Domingues sublinha a necessidade de que haja uma transformação das condições económicas e sociais das populações, sem que se deixe de recolher, colher e aprender com o povo e afirma que há muita gente que descobriu a pólvora revolucionária e a anda a distribui pelo país; António Reis aborda a literatura catalã nascida como oposição ao General Franco, em Espanha e crítica o facto de não se preservar o "Mirandês"; Alzira Seixo salienta o efeito pedagógico das campanhas; Correia Jesuíno fala da aplicação dos dinheiros públicos no apoio à Cultura; Bénard da Costa critica os critérios desses apoios relacionando-os com estéticas revolucionárias; Pinto Leite esclarece o processo da atribuição desses apoios; Bénard contesta Pinto Leite; José Carlos Megre tece as suas considerações sobre as várias comunicações burguesas e sugere as alterações necessárias para que a situação atual se altere e encerra o programa.