Nuno Teotónio Pereira nasceu em 1922 no seio duma família da alta burguesia lisboeta, e a opção pelo estudo da Arquitetura acabaria por ser também uma forma de expressar desde cedo o desejo de libertação do meio conservador em que crescera, apontando a uma visão modernista e transformadora do mundo que o rodeava. Um dos fundadores do Atelier da Alegria, ali surgirão alguns dos projetos que definem o seu conceito simultaneamente pragmático e inovador da arquitetura, e introduzem uma marca pessoal no tecido urbanístico da cidade de Lisboa enquanto expressão da sua assumida paixão de sempre: a habitação. São da sua autoria, entre outras obras, a Torre dos Olivais, o Bloco das Águas Livres, o Edifício Franjinhas na Rua Braamcamp, e o Quarteirão Rosa no Restelo, mas também a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, ou a Igreja de Santiago, em Almada. Paralelamente ao seu percurso na Arquitetura, sendo fiel aos princípios humanistas das suas convicções de católico progressista, e defensor duma cidadania interveniente, assume um papel de destaque enquanto voz crítica às políticas do Estado Novo, tendo sido por várias ocasiões preso pela PIDE-DGS. Já depois do 25 de abril de 1974, consolida o seu estatuto enquanto referência da arquitetura nacional na segunda metade do século XX, sendo premiado por diversas vezes e exercendo funções de dirigente da Associação dos Arquitetos Portugueses, bem como de representação internacional da classe. Nuno Teotónio Pereira faleceu em 2016, a poucos dias de completar 94 anos de idade, deixando como seu legado – para além duma obra notável – a contínua e aprofundada reflexão sobre a importância da Arquitetura e do Urbanismo, enquanto veículos de modernização e desenvolvimento social e económico de Portugal.