Manuel Cargaleiro

Manuel Alves Cargaleiro pintor e ceramista nasceu em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, a 16 de março de 1927. Filho de Manuel, um gestor agrícola, e de Ermelinda, uma especialista em mantas de retalhos coloridas com formas geométricas variadas (patchwork). Em 1945 inicia as primeiras experiências de modelação de barro, na olaria de José Trindade, no Monte da Caparica. Em 1946 inscreve-se na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e abandona para se dedicar às artes plásticas, iniciando-se como ceramista na Fábrica Sant'Anna, em Lisboa. Participa na "Primeira Exposição de Cerâmica Moderna", na Sala de Exposições do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), no Palácio Foz, em Lisboa. Tem a sua primeira exposição individual realizada na Sala de Exposições do SNI, em 1946 e expõe pintura, pela primeira vez, em 1953, no Salão da Jovem Pintura, na Galeria de Março, em Lisboa. Em 1954 apresenta a exposição individual "Cerâmicas de Manuel Cargaleiro" na 24ª Exposição da Galeria de Março. Neste ano recebe o prémio de artes plásticas "Sebastião de Almeida", para ceramistas, atribuído pelo SNI, inicia a atividade como professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, e em 1955, dirige os trabalhos de passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Fátima, da autoria de Lino António. Participa na exposição coletiva "Fifth Internacional Exhibition of Ceramic Art", no Kiln Club of Washington, em Washington, e recebe o Diplôme d'Honnneur de l'Académie Internationale de la Céramique (AIC), pela sua participação no I Festival Internacional de Céramique, em Cannes. Participa no "Primeiro Salão dos Artistas de Hoje", na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em 1956. Recebe uma bolsa do governo italiano para visitar Itália e estudar arte da cerâmica em Faença, e nesse ano de 1957 instala-se em Paris. Em 1959 adquire um atelier em Paris, onde passa a residir. A sua obra dispersa-se pela cerâmica, pintura, gravura, guache, tapeçaria e desenho tendo executado painéis cerâmicos para o Jardim Municipal de Almada, fachada da Igreja de Moscavide, fachada do Instituto Franco-Português de Lisboa, estação do Metro de Champs-Elysées-Clemenceau, de Paris, painel para a escola com o seu nome, no Seixal, estação de serviço de Óbidos, fonte no Parque da Cidade de Castelo Branco, e a Estação Colégio Militar/Luz, do Metropolitano de Lisboa. Recebeu vários prémios com destaque para o "Prémio Projeto Internacional Museus/Fundações Manuel Cargaleiro", em Portugal e na Itália, pela Associação Portuguesa de Museologia, em 2012, e para o "Prémio Obra de Vida do projeto SOS Azulejo". O seu nome foi atribuído à Praça Manuel Cargaleiro, localizada no exterior do Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, e à Rua Mestre Manuel Cargaleiro, em Vila Velha de Ródão. Grande parte do seu espólio está em exposição permanente no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, onde se concentra a coleção da Fundação Manuel Cargaleiro, criada em 1990 para gerir, exibir e divulgar o seu património. No Seixal existe o Museu Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, um espaço museológico dedicado à divulgação da vida e obra do artista. Foi condecorado Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada de Portugal, pelo presidente da República Ramalho Eanes, em 1983, Grau de Officier des Arts et des Lettres atribuído pelo governo francês, em 1984, Grã-Cruz da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República Mário Soares, em 1989, Medalha de Ouro do Concelho de Vila Velha de Ródão, em 2014, Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, em 2017, Medalha de Ouro do Concelho de Castelo Branco, em 2017, Grã-Cruz da Ordem de Camões pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, em 2023, entre outras. Morreu no dia 30 de junho de 2024 com 97 anos de idade, em Lisboa.