Entrevista a Francisco Sá Carneiro – Parte I
Primeira parte da entrevista a Francisco Sá Carneiro, primeiro ministro e presidente do PSD, conduzida em estúdio pelos jornalistas da RTP Pedro Oliveira e Margarida Marante, com a participação dos jornalistas Torquato da Luz, diretor do jornal "A Tarde", e Carneiro Jacinto, do semanário "O Jornal".
Resumo Analítico
Francisco Sá Carneiro critica a posição do General António Ramalho Eanes, presidente da República, face à Aliança Democrática (AD), às eleições presidenciais portuguesas de 1980 e seu "duelo político" com António Ramalho Eanes, as relações entre as Forças Armadas e o poder político e a candidatura do General António Soares Carneiro à presidência da República, que tem o apoio da AD. 08m35: Francisco Sá Carneiro comenta a intervenção televisiva de António Ramalho Eanes proferida no próprio dia (21 de novembro), criticando a sua postura perante a imprensa e comunicação social sugerindo que "parecia de facto ser o entrevistado General Eanes dono da imprensa e ser ali a fixar as regras", refere as últimas conferência de imprensa e entrevista concedidas por António Ramalho Eanes e critica o seu comportamento que difere da linguagem. 13m30: Francisco Sá Carneiro refere a forma como a televisão está a fazer a cobertura da pré campanha às eleições presidenciais, criticando o comportamento de António Ramalho Eanes face aos jornalistas e à imprensa e comenta a obstrução feita ao governo por parte de António Ramalho Eanes afirmando que "se não houvesse obstrução, o governo teria governado muito melhor em termos de ritmo e em termos de nos ter poupado a nós, membros do governo, a um desgaste grande" e dá o exemplo do "movimento diplomático", da visita oficial a Noruega em que um ministro foi incluído na visita sem o seu conhecimento e da demora do presidente da República em decretar diplomas propostos pelo governo. 20m30: Francisco Sá Carneiro comenta a sua decisão de abandonar o cargo de primeiro ministro caso António Ramalho Eanes seja reeleito para presidente da República e as críticas que o acusam de antidemocrático, recorda a sua posição "que não ia para o governo com o Coronel Vasco Gonçalves. Nunca mais representaria o partido (PSD) nos governos, enquanto estivessem os governos entregues à Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas ou a esse grupo", tece reflexões sobre a ideia de "ser a mesma coisa contemporizar em 1975 com Vasco Gonçalves e em 1980 com António Ramalho Eanes" e refere a atitude de apoio do PCP face à candidatura de António Ramalho Eanes, acusando o partido de funcionar em "jogo de forças". 25m00: Referência à reação do PCP caso António Ramalho Eanes seja reeleito, afirmando que Álvaro Cunhal "estaria no Kremlin a ver pela televisão e a dizer aos dirigentes soviéticos vejam o bom serviço que eu lhes prestei" e interpretação à vontade popular de eleger ou não António Ramalho Eanes e do seu impacto no governo. 26m40: Francisco Sá Carneiro tece comentários sobre o acordo entre o PS e a presidência da República e o "projeto de poder" de António Ramalho Eanes, acusando-o de ser capaz de "fazer tudo o que for necessário, em correr em todas as contradições, em todas as hipocrisias para conservar o poder" e afirma "Vota Eanes é votar em partido comunista, é votar poder político-militar".