11 de Setembro, um ano depois – Parte II

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Segunda parte do programa apresentado pela jornalista Judite de Sousa, sobre a passagem do primeiro aniversário do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos EUA, e da destruição das Torres Gémeas em Nova Iorque, com exibição de um documentário seguido de debate sobre o tema. Com as presenças de Ângelo Correia, Miguel Portas, Loureiro dos Santos, Carlos Fino, Diogo Freitas do Amaral, e a intervenção gravada de Aníbal Cavaco Silva, ex-primeiro-ministro.

  • Nome do Programa: 11 de Setembro, um ano depois
  • Nome da série: Grande Informação
  • Locais: Lisboa
  • Personalidades: Judite de Sousa, Ângelo Correia, Miguel Portas, José Loureiro dos Santos, Carlos Fino, Diogo Freitas do Amaral, Pedro Bicudo, António Esteves Martins
  • Temas: Sociedade
  • Canal: RTP 1
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Cor
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3 PAL

Resumo Analítico

22h31m16: Intervenção gravada de Aníbal Cavaco Silva, sobre o atentado de 11 de Setembro e a problemática da crise económica mundial, principais ideias: -Já antes dos atentados se verificava um claro abrandamento da economia dos Estados Unidos, com uma quebra nos mercados bolsistas. - Também era já sentido um abrandamento económico na União Europeia (embora de uma forma menos vincada que nos Estados Unidos). - Os atentados acentuaram as perspetivas económicas negativas, tendo aumentado as incertezas quanto ao futuro. - Considera que a resposta económica tomada pelos Estados Unidos foi a correta: descida acentuada das taxas de juro para fomentar o consumo, expansão orçamental com um aumento dos gastos públicos e uma baixa nos impostos. - Em termos da União Europeia, a resposta económica foi mais discreta, devido à falta de manobra orçamental da Alemanha, Itália e França. - Neste momento, a economia mundial encontra-se numa situação que não se via à muito tempo, pois existe uma crise e desconfiança generalizadas nas bolsas de valores, ao que se junta a crise ainda existente nos Estados Unidos. - A União Europeia ainda não apresenta grandes sinais de recuperação económica, nomeadamente na economia da Alemanha, que representa quase 25% da economia europeia. - A grave crise do sistema financeiro japonês não está ainda resolvida. - Para além da situação económica desastrosa, de alguns países da América Latina; - A crise económica mundial apanhou a economia portuguesa numa situação péssima "...em resultado dos graves erros de política económica que foram cometidos...". 22h37m17: Pentágono, Washington, direto do jornalista Pedro Bicudo, sobre a possível intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque, principais ideias: - Existe uma situação de pré-guerra contra o Iraque, para conter uma suposta capacidade de ataque nuclear a interesses americanos. - Encontra-se em preparação, ao nível das Nações Unidas, a demonstração de provas credíveis relativamente à procura de poder nuclear, por parte do Iraque. - Os americanos começam a preparar, uma estratégia de apoio a dissidentes do regime iraquiano. - Ao nível interno, é clara a discordância no interior da administração, pois o Secretário de Estado, Colin Powell, tenta esgotar todas as vias de negociação, antes de uma possível intervenção militar (contrariando outras opiniões dentro do governo). 22h40m02: Bélgica, Bruxelas, direto do jornalista António Esteves Martins, sobre a possível intervenção militar dos Estados Unidos, no Iraque, principais ideias: - Com os ataques terroristas foram também atacados os pilares do que era a Europa Política. - É hoje claro que apenas o Primeiro Ministro inglês, Tony Blair, se encontra ao lado dos Estados Unidos, em termos militares. 22m41m54: Continuação do debate com Ângelo Correia: - Não compreende a posição dos Estados Unidos e entende que não deveriam fazer a intervenção militar, porque não existem certezas quanto ao programa militar nuclear. - Eles possuem algumas armas de destruição em massa, mas não se sabe da sua vontade de utilização. - O poder militar não pode passar por cima do Direito Internacional. - Uma operação militar no Iraque é muito cara e, neste caso, o esforço americano seria excessivo;. - Os Estados Unidos teriam que colocar no terreno cerca de 100 a 200.000 homens, com risco de guerra. - O petróleo encontra-se nas duas zonas de interdição fixadas pelas Nações Unidas e seria útil para os Estados Unidos ocuparem essa zona. - A oposição democrática iraquiana tão referida pelos Estados Unidos, encontra-se em Londres (sendo portanto uma ficção), o sul do Iraque é Xiita o que pode permitir a influência cultural e política do Irão mais próxima da Arábia Saudita e o Norte desintegra-se fazendo-se sentir a influência em países como a Síria, a Turquia e no Irão. - A opinião pública árabe está contra os Estados Unidos e se o processo for mal conduzido, poderá provocar uma explosão política de graves consequências. - Bin Laden tentou provocar uma resposta civilizacional, felizmente não foi feito, e convém não arranjar agora situações que possam parecer estar nessa linha. - Considera que o Primeiro Ministro português defendeu uma ação concertada da América do Norte com a Europa e as Nações Unidas relativamente à questão. - Quanto à Base das Lajes, esta terá importância sobretudo para os transportadores de combustível (jet fuel), embora esta base já não tenha a importância de outros tempos. - Defende que Portugal cometeu um erro ao não participar na Guerra do Golfo, mas espera que neste momento não seja defendida a lógica contrária, ou seja, Portugal entrar em guerra sem justificações razoáveis. Diogo Freitas do Amaral: - Não existem provas da existência de um programa militar nuclear iraquiano (concorda com a posição de Ângelo Correia, de que o poder militar não se pode sobrepor ao Direito Internacional). - Cita documento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, em que se afirma que a capacidade nuclear e química do Iraque foi desmantelada em 1991. - A justificação poderá ser psicológica: os Estados Unidos da América foram atacados no seu coração, de maneira que existe uma vontade de retaliação; na ausência de Bin Laden o alvo passou a ser o Iraque. - O Presidente Bush tem sido contraditório nas explicações para fazer a guerra, o que retira muita força política e moral à sua ação (desde ligações à Al Qaeda, necessidade de defender Israel, ataque a Saddam para instituir uma democracia pluralista e finalmente a hipótese da existência de armas nucleares). - Inspeções ao poderio nuclear seriam uma saída para os Estados Unidos relativamente à situação. - Uma guerra contra o Iraque traria muitas baixas de parte a parte, para além da posterior revolta das massas populares árabes. - Se os Estados Unidos da América intervirem, sem legitimação internacional, poderá corresponder aos objetivos de Bin Laden relativamente a uma guerra civilizacional. - No caso de uma intervenção militar, autorizada pelas Nações Unidas, esta seria feita apenas para destruir locais que estivessem ligados a armas de destruição em massa. - Um ataque mal conduzido terá consequências negativas no conflito israelo-palestiniano;.- Referência a decisão tomada pelo Primeiro Ministro Sá Carneiro, relativamente à diversificação das fontes fornecedoras de petróleo, a Portugal. - Considera que Portugal se deve alinhar com a maioria dos países da União Europeia, isto é, uma posição que se defina por em primeiro lugar conhecer as provas e após isso, no caso de ser grave, estudar o que fazer. - Considera que, após ler artigo do "Herald Tribune" sobre o assunto, o Primeiro-Ministro, Durão Barroso, terá chamado a atenção do Presidente George W. Bush, para os riscos de uma ação unilateral dos Estados Unidos da América sem passar pela ONU. - Faz votos de que, em caso da utilização da base das Lajes, existam contrapartidas para Portugal (tal como já aconteceu no passado). - Defende que a Europa para além dos seus interesses deveria também defender os interesses de "povos mártires" como o da Palestina e que estes precisam de soluções políticas. General Loureiro dos Santos: - Os Estados Unidos poderão ter provas. - O processo militar deverá vir no fim de uma série de ´atitudes estratégicas`, que não têm a ver com a área militar. - A posição europeia é de fraqueza relativamente ao assunto. - Os países europeus deveriam investir mais numa política comum de Defesa. - Não acredita na Solidariedade em questão de Relações Internacionais, a realidade são os Interesses. - Os líderes servem-se dos valores do povo para atingir os seus interesses. - Um dos problemas da ação militar imediata, seria agravar a situação no Médio Oriente, isto para além das grandes baixas. - Para si a razão para um ataque teria a ver com a energia e os Estados Unidos não aceitariam um grande poder e influência, em termos de petróleo, por parte do Iraque. - Tem dúvidas quanto a uma posição comum da União Europeia, pois segundo as suas palavras, nunca houve e nunca haverá. - A posição do governo português deve ser baseada em interesses (critica a posição de Miguel Portas). Miguel Portas: - Defende a formação de "uma grande frente nacional e internacional"`contra esta guerra; - Cita escritos de Freitas do Amaral que dizem que hoje em dia os Estados Unidos são o único país democrático, ao nível internacional, com um governo de Extrema-Direita e o facto está ligado a um projeto político com a intenção de afirmar um "Poder Imperial". - Outro aspeto tem a ver com a Economia Mundial, que há muito está em queda, daí que para os Estados Unidos uma intervenção militar seria o motor para uma retoma económica; - Os Estados Unidos são os principais conhecedores do poder militar do Iraque, pois foram o seu principal fornecedor de armas na guerra que este travou contra o Irão, posteriormente destruiu-lhe parte dessas armas na Guerra do Golfo e mais tarde defende que, entre os inspetores que estiveram no território, estavam espiões americanos; - O Iraque é um instrumento para outras guerras que se seguem e a afirmação de um poder; - A Europa tem seguido em termos económicos a linha americana, o que liquida a ideia do Contrato Social; - Mesmo que a O.N.U. venha a fazer um ultimato é claro para Saddam Hussein que os Estados Unidos já tomaram a decisão de intervir; - Os interesses comandam a política mundial e a intervenção do Primeiro Ministro, Durão Barroso, vem de modo a obter futuras contrapartidas; - Defende que irá surgir um movimento de cidadania contra uma guerra injustificada e que irá manifestar-se contra muitos governos. Carlos Fino: - Durante a sua estada no país constatou que existem baterias antiaéreas nos arredores de Bagdad e treino da população contra possíveis invasores; - Em termos de estratégia lembra que o Iraque tem 10% das melhores reservas de crude do mundo e, por outro lado, no Médio Oriente, Israel tem a arma atómica (em termos geoestratégicos o facto de um país Árabe aceder também à arma atómica desequilibrava a situação); - Acredita que o discurso do Presidente W. Bush será feito de maneira a que as Nações Unidas aprovem uma resolução para compelir o Iraque a aceitar a visita de inspetores; - Critica a posição da Comunidade Internacional e dos Estados Unidos da América relativamente à falta de ajuda económica às populações do Afeganistão, Uzbequistão, Quirguízia e Cazaquistão, com quem foram feitos acordos militares; - Lembra que o Irão já se disponibilizou para receber perto de 900.000 pessoas, com todo o sofrimento que isso acarreta, e que a mortalidade infantil no Iraque passou para o dobro do que era antes da guerra do Golfo.

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