Entrevista a Francisco Louça
Entrevista conduzida pela jornalista Judite de Sousa a Francisco Louçã, Coordenador do Bloco de Esquerda, sobre os factos que mais têm marcado a atualidade informativa.
Resumo Analítico
Temas abordados: o programa eleitoral do BE para as próximas Eleições Legislativas, as propostas económicas do programa eleitoral do PSD, o estado das Finanças Públicas, a resposta ao manifesto feito por economistas portugueses sobre o estado da Economia, a possibilidade de acordos com um governo do PS, metas a atingir pelo partido nas próximas eleições, cumprimento por parte de Portugal do "Pacto de Estabilidade", com Bruxelas. Excertos relevantes: - No programa do seu partido são definidos alguns grandes objetivos como é o caso da continuação da Reforma Fiscal, classificando-a como "...a grande reforma perdida da Legislatura passada...", apesar de se ter conseguido alguns avanços no combate à Fraude Fiscal. - É necessário acabar com a Sisa, substituir a Contribuição Autárquica, avançar com a tributação sobre as grandes fortunas e fazer o levantamento do sigilo bancário. - Relativamente às propostas do PSD classifica-as como "...incompetente tecnicamente...", uma vez que pretendem anular um défice do Estado agravando-o com a perda de receitas fiscais. - O compromisso com a realização do Euro 2004 deve ser cumprido. No entanto, não se deve aceitar a maneira como disparam os orçamentos para a construção dos estádios. - Classifica o estado das Finanças Públicas como catastrófico "...porque primeiro não há transparência suficiente e em segundo lugar houve uma quebra terrível na receita tributária do ano passado, porque as empresas deixaram de pagar apesar de terem lucros...". - Denuncia os métodos utilizados pela Banca para contornar e viciar a lei e com isso fugir aos impostos. - Afirma que a Bolsa portuguesa sempre foi e continuará a ser "marginal" no mercado de capitais europeus. - Relativamente ao manifesto feito pelos "economistas portugueses", considera que existem uma série de propostas "...absolutamente corretas e prioritárias..", no entanto não concorda com despesas como as da construção dos estádios de futebol para o Euro 2004 e com a compra de submarinos, acabando só por sobrar os cortes com as despesas sociais e os salários. - O País tem que apostar na Educação e no modelo do Sistema de Saúde. - Relativamente à escolha entre os dois candidatos às próximas eleições afirma que Durão Barroso não está preparado para ser Primeiro Ministro "...tem uma política incoerente..."; relativamente a Ferro Rodrigues lembra que foi ministro do anterior governo durante seis anos. - Critica a Bipolarização e os governos de Maioria Absoluta. - Relativamente a possíveis acordos com um hipotético governo Socialista serão possíveis se focarem matérias como a Reforma Fiscal, o fim da Sisa, uma nova política sobre a toxicodependência (separar o problema das drogas leves das drogas duras) e avançar com a legislação de despenalização do Aborto. - Necessidade de se rever o problema da Justiça em Portugal, nomeadamente a questão da prisão preventiva. - Vão bater-se de novo por "matérias decisivas" e o eleitorado terá de se decidir se quer uma Esquerda mais forte com capacidade de intervenção ou a redução à Bipolarização. - Define o seu eleitorado como "...urbano, informado, muito jovem (...) que não estão dispostos a deixar passar...". - Afirma que não é possível cumprir o pacto de estabilidade e acusa os dois principais partidos de estarem a mentir ao eleitorado. - É preferível manter as Forças Armadas num sistema equilibrado (equipadas à altura das necessidades do País), do que Forças Armadas que posteriormente não se podem sustentar. - É necessário encontrar uma maneira de sair dos "interesses particularistas" para ter um projeto para o País.