Uma Época de Ouro: 1930-1945 – Parte II
Segunda parte do primeiro programa da série dedicada à história da produção cinematográfica em Portugal, a partir do aparecimento do cinema sonoro. Ano de 1930, e os filmes sonoros fazem furor em toda a parte. Em Portugal, uma nova geração de críticos e cineastas entre os quais Chianca de Garcia, Jorge Brum do Canto Leitão de Barros e António Lopes Ribeiro, afirma a necessidade da criação de um grande estúdio apetrechado para o som como peça fundamental para o advento de uma indústria de cinema português. Enquanto o estúdio não passa de um projeto, Leitão de Barros realiza "A Severa", primeiro fonofilme português, que teve de ser inteiramente sonorizado em França e que viria a alcançar um grande sucesso de público, dando força ao projeto de grupo. Mas a grande aposta seria, dois anos mais tarde, o filme "A Canção de Lisboa", matriz de todas as comédias posteriores, lançando grandes nomes que marcariam por décadas a comédia portuguesa: António Silva, Vasco Santana e Beatriz Costa, entre outros. 1933 foi não só o ano da estreia da "Canção de Lisboa" como também o ano de promulgação da Constituição que viria a consagrar o salazarismo e a institucionalizar o Estado Novo. Este, toma em relação ao cinema uma função de forte intervenção, fazendo surgir uma espécie de cinema de Estado, que tem no filme "A Revolução de Maio" o seu exemplo paradigmático. Até ao final da década de trinta assiste-se a um incremento do cinema de propaganda bem como a experiência ímpares no nosso cinema, caso da "Canção da Terra", continuando a comédia a ser a veia dominante, alcançando grande vigor com o filme de Chianca de Garcia, "Aldeia da Roupa Branca". A par das grandes comédias dos anos 40, como "O Pátio das Cantigas" e "O Pai Tirano", surgem filmes únicos neste período como o caso de "Aniki Bóbó" e de "Ala Arriba". Os últimos anos da guerra trazem outra realidade ao país: o salazarismo deixa de constituir a esperança que representara nos anos trinta. Os anos já não são alegres e despreocupados. Caminha-se para um lado "mais sério" em detrimento da graça anterior.
Resumo Analítico
Depoimentos de João Bénard da Costa, Fernando Rosas, Luís Nunes, Augusto Pereira, Igrejas Caeiro, Milú, Ansgar Schäfer.