A Terra Vista das Nuvens: 1986-1997 – Parte II
Segunda parte do quinto programa da série dedicada à história da produção cinematográfica em Portugal, a partir do aparecimento do cinema sonoro. Em 1986, Portugal torna-se membro de pleno direito da CEE. Estamos no início da década em que Cavaco Silva geriu o destino do país. A sua forte política desenvolvimentista vai conduzir Portugal a profundas mudanças sociais. Com o início das privatizações e numa Europa em mudança, fala-se no "oásis" português. É no entanto um período de crise para o cinema. Com a generalização da televisão e o aparecimento do vídeo, a frequência das salas diminui, os preços dos bilhetes sobem e a distribuição reduz-se agora, apenas, a duas distribuidoras e exibidoras. O cinema americano invade os écrans. A crise leva um grande número de salas a fecharem. Surge uma nova geração de cineastas, pela primeira vez formados numa escola portuguesa, e que se demarcam da geração anterior cuja formação era feita essencialmente no estrangeiro. Muitos destes novos cineastas produzem os seus filmes em empresas por si próprios fundadas, lutando porém com uma precaridade à beira da insolvência. Nos anos 90 acentua-se a clivagem entre duas conceções de cinema: o cinema como indústria de entretenimento e o cinema como arte. O produtor assume uma importância cada vez maior na montagem financeira dos projetos e na estratégia de relacionamento com o público. A tendência é assim, para o desaparecimento das pequenas produtoras e para a bipolarização: por um lado Tino Navarro na MGN demonstra que o cinema português também pode ser comercial com dois recordes de bilheteira, os filmes "Adão e Eva" em 1995, e "Tentação" em 1998, ambos realizados por Joaquim Leitão. Por outro lado, Paulo Branco prossegue promovendo o cinema de autor. Pela sua mão Manuel de Oliveira realiza, entre 1986 e 1997, 10 filmes, e o seu prestígio é indiscutivelmente reconhecido pela crítica internacional.
Resumo Analítico
Participação e depoimentos de João Botelho, Pedro Costa, Alberto Seixas Santos, Joaquim Leitão, Luís Filipe Rocha, João Mário Grilo, José Fonseca e Costa, José de Matos-Cruz, Manoel de Oliveira, Joaquim Pinto.