Todo o livro é literatura? – Parte I
Primeira parte da entrevista de Maria João Seixas a Clara Ferreira Alves, crítica literária, Augusto Abelaira e Eduardo Prado Coelho, escritores, sobre a existência de literatura para além dos livros, a apreensão do quotidiano a partir da leitura de palavras escritas e a atividade do crítico na mediação da literatura.
Resumo Analítico
Excerto do depoimento legendado de Jorge Luís Borges, escritor ao programa "Testemunhos" exibido em 1984 sobre a importância da espontaneidade da escrita. Maria João Seixas apresenta os convidados e o tema do programa. Augusto Abelaira fala da experiência como júri literário na distinção de qualidade das obras e da importância das referências para a produção literária. Clara Alves refere a necessidade de uma obra literária contar algo, exemplificando com Vladimir Nabokov, escritor russo e professor de literatura, a experiência profissional na seleção de boas obras e a escrita como fenómeno de sedução do leitor. Eduardo Prado Coelho define o patamar de mediação literária associado à impessoalidade generalizada e partilhável, indica a existência de casos de genialidade sem conhecimento da moldura cultural, a distinção das grandes obras e a relação entre leitores e obras de autores. Clara Alves explica as divergências de opinião dos críticos face a um mesmo trabalho e a competência técnica e pessoal e referências literárias intrínsecas à sua profissão. Eduardo Prado Coelho aponta a fadiga associada à leitura obrigatória na avaliação das obras como prejudicial no trabalho do crítico por associar a experiências passadas. Augusto Abelaira diferencia o crítico do escritor e a liberdade de escolha da leitura consoante a identificação do leitor com a obra. Prado Coelho introduz o sentido de justiça necessária ao crítico e ou professor na ponderação das opiniões de outros.