Serviço Público de Televisão – Parte I
Primeira parte do debate moderado pela jornalista Judite de Sousa sobre o "Futuro da RTP", com destaque para o Serviço Público de Televisão e o seu financiamento. Participação de Joaquim Vieira, jornalista e ex-diretor adjunto de programas da RTP de 1996 a 1998, Paulo Branco, produtor de cinema, José Manuel Fernandes, diretor do jornal "Público", e Salvato Trigo, reitor da Universidade Fernando Pessoa. A partir do exterior são convidados João Carlos Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Publicidade e Comunicação, Augusto Seabra, crítico de Cultura e Comunicação, Miguel Gaspar, jornalista e crítico de televisão, Mário Bettencourt Resendes, diretor do "Diário de Notícias", Frederico Ferreira de Almeida, diretor da produtora Freemantle, e ainda a opinião gravada de José Carlos de Vasconcelos, diretor do "Jornal de Letras".
Resumo Analítico
Resumo das principais ideias: Joaquim Vieira: - Defende a importância de dois canais para o Serviço Público, pois as obrigações do mesmo não cabem num só canal. - Relembra os problemas criados à RTP pelo governo de Cavaco Silva (PSD) "...não quer dizer que seja o PSD a conspirar contra o Serviço Público mas, na realidade, tem sido assim; (...) por um lado a abolição da taxa e por outro lado a venda ao desbarato da rede de emissores da RTP...". - Acusa o próprio Ministro da Presidência, Morais Sarmento, de dar a entender que não tem uma ideia clara sobre o que fará com o canal a fechar. - Relativamente ao problema financeiro "...não é um problema de poupança que está aqui em jogo...", há que revelar quais os operadores que estarão interessados nesta extinção de um canal. - O espaço hertziano é um Bem Público limitado, gerido pelo Estado, e a Televisão Pública pode ser um contrapeso a influências perversas que se instalam nas televisões. José Manuel Fernandes: - Defende a necessidade da existência do Serviço Público de Televisão, não concordando que o mesmo deva ser prestado exclusivamente pela Televisão Pública. - Aceita a necessidade da existência de um canal internacional. Paulo Branco: - Concorda com a existência de dois canais de Serviço Público, tal como se faz no resto da Europa. - Acusa o atual governo, de estar a ceder a lobbys "...o problema vem que a SIC, o ano passado perdeu 6 milhões de contos (...), a TVI mesmo como líder de audiências perde dinheiro todos os dias...". - Não se pode exigir dos canais privados que tenham preocupações de Serviço Público, pois nunca terão. Salvato Trigo: - Há que primeiro definir o que se entende por Serviço Público, é necessário fazer o diagnóstico da RTP. - O canal de Serviço Público deve ter preocupação com as audiências. - O Serviço Público pode ser concessionado pelo Estado, que tem por obrigação velar pela qualidade desse serviço. Miguel Gaspar: - Defende que não é possível, a um só canal, conseguir transmitir ao mesmo tempo programas de carácter generalista e com conteúdos para um segmento minoritário. - Chama a atenção para que "...o investimento na defesa do Serviço Público, pode ter repercussões positivas, ao nível do todo do mercado...". Augusto Seabra: - Defende a necessidade da existência de dois canais, para a RTP, pois "...não é operacional (...) juntar num só canal conteúdos tão diversos como aqueles que poderão ser dirigidos a um público geral (...) e depois aqueles que se dirigem a um conjunto de minorias...". - O Estado deve assegurar uma ideia básica de Pluralidade na Comunicação Social. Mário Bettencourt Resendes: - Considera que defender um modelo de Serviço Público com base na atual matriz da RTP2, e sem publicidade, é condenar a prazo esse serviço a uma morte lenta. - Era importante, antes de tudo, saber qual a conceção global do Governo sobre o enquadramento do Serviço Público de Televisão, em Portugal, e como se irá processar o seu financiamento. Frederico Ferreira de Almeida: - Defende a necessidade de manter dois canais de Serviço Público "...não há espaço para emissão de todos os géneros que compõem o Serviço Público...". - Estranha a possibilidade de retirar um canal ao Serviço Público quando a tendência em toda a Europa é reforçar o mesmo serviço. 52m40: Opinião gravada de José Carlos de Vasconcelos: - Defende a necessidade de manter os dois canais públicos, de maneira a chegar a todo o tipo de audiências, tal como existe em toda a Europa, fornecendo-lhe o Estado os meios financeiros apropriados para o seu pleno funcionamento.