O Processo – Parte II
Segunda parte do programa apresentado pelo jornalista José Manuel Barata-Feyo, sobre o processo judicial das Forças Populares 25 de Abril (FP-25), e em que o Tenente-Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, condenado pelo seu papel na liderança do Movimento, admite pela primeira vez a cumplicidade por omissão, uma reportagem da jornalista Márcia Rodrigues.
Resumo Analítico
Microfone de tribunal com voz off de Romeu Francês, advogado de Otelo, a perguntar ao Tenente-Coronel Vasco Lourenço, testemunha no processo, se teve conhecimento do envolvimento do seu cliente com as FP 25 e de Vasco Lourenço admitindo que teve informações nesse sentido. 05m36: Vasco Lourenço ouve a gravação ilegal das declarações feitas por este no Tribunal de Monsanto, seguido de entrevista realizada por Márcia Rodrigues; Vasco Lourenço conta que foi o Tenente-Coronel Vítor Alves quem lhe disse que havia indícios de envolvimento de Otelo com as FP 25; Vítor Alves vê gravação de entrevista de Vasco Lourenço; Alves confirma declarações de Lourenço mas adianta que não se lembra se foi ele próprio que contou ao General António Ramalho Eanes (então Presidente da República), ou se terá sido Eanes a dizer-lhe a ele. 08m44: General António Ramalho Eanes admite que conversou sobre o assunto com Vítor Alves e que todos estavam preocupados em salvaguardar a imagem de Otelo, por ele ser um homem que representava o 25 de Abril. 10m48: Otelo diz que teve acesso a informações militares que ligavam a Organização Unitária de Trabalhadores (OUT), de que era militante, a organizações terroristas internacionais; General Garcia dos Santos (Chefe do Estado Maior do Exército ao tempo em que os factos tiveram lugar) admite a probabilidade dos serviços de informações militares recolherem dados sobre os contactos que Otelo fazia; Orlando Romano, Diretor da Direção de Combate ao Crime e ao Banditismo da Polícia Judiciária (PJ) afirma que, oficialmente, a PJ nunca recebeu nenhuma informação militar sobre o envolvimento de Otelo com as FP 25; ata de 4 de fevereiro de 1984 de reunião da Frente de Unidade Popular (FUP); Otelo afirma que foi avisado por Manuel Alegre, deputado e dirigente do PS, de que a FUP estava a ser vigiada. 13m24: Manuel Alegre afirma que chamou Otelo várias vezes a atenção sobre os riscos pessoais que corria, mas não confirma que o tenha avisado sobre uma possível vigilância por parte dos serviços de informações; Ângelo Correia, Ministro da Administração Interna ao tempo dos factos e dirigente do PSD, observa entrevista de Otelo num pequeno ecrã. 14m07: Otelo garante que o então Ministro o avisou que a OUT estava a ser vigiada; Ângelo Correia confirma ter tido a referida conversa com Otelo; Otelo Saraiva de Carvalho consulta documentos; hemiciclo da Assembleia da República durante a aprovação da Lei de Amnistia. 15m33: Mário Soares, Presidente da República, admite que as famílias das vítimas das FP 25 possam discordar da lei mas adianta que não se pode viver a pensar no passado; imagens de arquivo em São Mansos, buraco em parede de edifício provocado por explosão de bomba, população apresenta condolências a família do bebé vítimas do atentado, popular mostra-se revoltado com o acontecimento, populares em rua daquela localidade; artigo de jornal sobre o processo FP 25. 16m56: Maria José Morgado, Procuradora do Ministério Público que deduz acusação no Processo FP 25, diz que mandantes e mandatários têm de ser responsabilizados; Eduardo Allen, advogado de defesa de alguns dos réus, defende que não há crime quando não é possível provar a intencionalidade de o cometer; imagens de arquivo de bombeiros a transportar cadáver de homem, em maca, para ambulância; hemiciclo da Assembleia da República; fachada do Tribunal Constitucional; processos. 18m56: José Manuel Barata Feyo entrevista a jornalista Márcia Rodrigues.