Namíbia III – Parte I
Primeira parte do programa apresentado pelo jornalista José Mensurado, com a terceira duma série de três reportagens da autoria do jornalista Mário Crespo sobre a situação de conflito na Namíbia, destacando a geoestratégia na África Austral, as movimentações para a independência do país, os conflitos e provocações de tropas angolanas e sul-africanas ao longo da fronteira entre a Namíbia e Angola, os interesses americanos e soviéticos na região, e a retirada de tropas cubanas de Angola, temas explorados e suportados em testemunhos de protagonistas militares e políticos dos países em questão.
Resumo Analítico
África do Sul, Cidade do Cabo, vista da cidade a partir de interior de carro em andamento em autoestrada; entrevista legendada com Pik Botha, Ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país, que afirma que os namibianos sabem até onde pode ir a pressão sobre a África do Sul; Angola, barragem de Calueque, no rio Cunene; carros de combate; declarações legendadas de Jorge Risquet, responsável de Política Externa do PC Cubano, acusando as tropas da África do Sul de atacarem as posições angolano-cubanas de Techipa um dia depois de terminadas as conversações de paz no Cairo; adianta que que só dois dias depois responderam com bombardeamento aéreo ao aquartelamento sul-africano estacionado em Calueque. 07m30: Pieter Galiano, Brigadeiro Chefe Operacional do exército da África do Sul, em entrevista legendada, contrapõe que o ataque partiu das forças angolanas e cubanas; entrevista legendada com Chester Crocker, subsecretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos, na qual defende que a opção negocial para o conflito ainda é possível; acrescenta que os Estados Unidos não concordam com a presença militar cubana e sul-africana em Angola; afirma que o reforço de tropas cubanas naquele país levanta questões quanto à vontade negocial das partes envolvidas. 11m34: General Jamie Geldenhuys, Comandante Chefe da África do Sul, admite, em entrevista (legendada), que reforçaram as tropas na fronteira da Namíbia com Angola e aumentaram a mobilização para o caso de ser necessário; admite que estão a ser pressionados por angolanos e cubanos e que a escalada militar em curso levanta dúvidas quanto à vontade de continuar as negociações; Paulino Pinto João, diretor de Informação do Governo de Angola, nega ter havido uma ofensiva cubana, mas sim desdobramento de tropas angolano-cubanas a sul do país; desmente que tenha havido um ataque a Calueque mas antes uma reação a agressão sul-africana; acusa este país de estar a invadir território angolano. 16m20: Geldenhuys garante que o seu país nunca teve bases militares permanentes em Angola e que retiraram as tropas do Sudoeste daquele país antes do início das conversações de paz; afirma que têm capacidade para reação rápida; acusa Cuba de apoiar militarmente a SWAPO; Risquet confirma o apoio cubano ao exército de libertação da Namíbia. 18m40: Entrevista legendada com Daniel Tjongarero, membro do Politburo da Swapo, afirmando que as ações militares em conjunto com os cubanos no Sul de Angola fazem parte da solidariedade africana para ajudar aquele país; Jonas Savimbi, líder da UNITA, diz que a situação é muito perigosa e que a escalada militar pode pôr em causa as negociações em curso; espera que tanto os cubanos como os sul-africanos consigam evitar um desastre; garante que não se sente marginalizado por não estar a participar diretamente nas conversações; Crocker sublinha que é preciso distinguir entre dois processos de negociação, a internacional, para resolver o problema das tropas estrangeiras no território, e a questão interna da reconciliação nacional em Angola. 23m48: Jonas Savimbi afirma que a aproximação entre a UNITA e o MPLA é possível e desejável; Paulino garante que o Governo de Angola não tem nenhum interesse em conversar com Savimbi e que as negociações devem ser só com a África do Sul; Crocker afirma que o seu país não terá relações diplomáticas com Angola enquanto não houver solução para a situação atual; Risquet lembra que Cuba foi o primeiro país a mostrar disponibilidade para retirar as suas tropas de Angola; acrescenta que 15 dias depois da chegada das forças das Nações Unidas à Namíbia os soldados cubanos regressam a casa.