Museu de Lamego
Programa apresentado por Paula Moura Pinheiro e dedicado a um conjunto de quatro tapeçarias executadas em lã, fio de ouro e seda, entre os anos 1525 e 1535, cujos cartões preparatórios estão atribuídos ao pintor Bernard Van Orley e que conta a histórias do rei Édipo, com todos ao seus trágicos episódios, conforme nos explica a convidada Ana Paula Rebelo Correia, Historiadora de Arte.
Resumo Analítico
Vista panorâmica de Lamego, exterior das instalações do Museu de Lamego, Paula Moura Pinheiro, apresentadora, explica o tema do programa junto às tapeçarias, pormenores das mesmas. Grafismo com globo terrestre com destaque para a Península Ibérica e o território de Portugal com a cidade de Lamego assinalada, vistas da cidade, Castelo, exterior da Sé Catedral, interiores e claustros, ruas, exterior do Museu de Lamego, interior do museu, vista em movimento das 4 tapeçarias expostas. Comentários de Ana Paula Rebelo Correia, Historiadora de Arte, sobre este tesouro com um tema raríssimo a História de Édipo, cujo assunto deriva da obra homónima do escritor grego, Sófocles, executado em Bruxelas no século XVI, a policromia e a sua qualidade de execução que se mantem, tendo as tapeçarias sido restauradas nos anos 50 no Instituto José de Figueiredo, com produção atribuída à oficina de Pieter van Aelst, em Bruxelas, e devem ter sido encomendadas pelo bispo D. Fernando Meneses de Vasconcelos (1513-1540) para a residência episcopal, pormenores desta obra, relato das condições históricas que levaram ao esquecimento destas tapeçarias como a Dinastia Filipina, o terramoto de Lisboa de 1755, as extinções das ordens religiosas em 1834 cujo espólio ficou disperso, entre outros. Capa do livro "Rei Édipo", de Sófocles, destaque para a primeira tapeçaria Laio consulta o oráculo de Delfos, rainha de Tebas Jocasta no seu leito após o nascimento do seu filho Édipo, o oráculo representado pela figura do deus Apolo, destaque para Laio a entregar o seu filho a um servo para que o mate, para Édipo pendurado pelos pés numa árvore, pastores que salvam o bebé. A segunda tapeçaria intitulada Édipo em Corinto, revela o episódio da adoção de Édipo pelos reis de Corinto, rainha Mérope e rei Pólibo, com trajes sumptuosos de realeza, cercadura desta tapeçaria com festão de flores e frutos típica da pintura flamenga, em redor, damas e cortesãos assistem e comentam a cena entre si. A terceira tapeçaria intitulada Édipo em Tebas, mostra a chegada à cidade de Tebas onde Édipo se apresenta a um grupo de damas da corte, à esquerda, Édipo, sem o saber, mata seu pai, Laio com uma espada e à direita, um Édipo mais velho e de barbas, depois de saber a horrível verdade, cega os seus próprios olhos com uma fíbula um alfinete de peito do vestido de Jocasta. Quarta e última tapeçaria intitulada Édipo e a rainha Jocasta cujo tema central é a coroação de Édipo como rei de Tebas e o casamento com Jocasta, destaque para duas figuras masculinas que, em atitude de reverência, trazem a coroa e o cetro real, dois arautos fazendo soar instrumentos de sopro, no plano posterior esquerdo o momento no qual Édipo defronta e decifra o enigma da Esfinge o que lhe permite sobreviver e casar com a rainha viúva cumprindo a profecia, pormenor do cinto com o nome Edipus. Na terceira tapeçaria Édipo em Tebas é onde se destaca Édipo a furar os próprios olhos ao descobrir a profecia e após o suicídio de Jocasta. Ana Paula Rebelo Correia fala sobre a possível razão pela qual o Bispo de Lamego encomendou uma série de tapeçarias com um tema pagão centrado no parricídio e incesto, travelling pela coleção dos quatro painéis. Pinturas retratando D. Manuel I, D. João III e D. Leonor, relato do casamento do rei D. Manuel I com a noiva do seu filho D. João III, a futura rainha D. Leonor, pintura a óleo de D. João III já rei de Portugal e que restabelece o contacto com a rainha viúva, talvez o motivo moralizador pelo qual D. Fernando Meneses de Vasconcelos escolhe a temática das tapeçarias, vista das tapeçarias da série Édipo.