Moçambique – Parte I
Primeira parte do programa apresentado pela jornalista Maria Elisa Domingues, sobre a atual situação em Moçambique um ano depois da assinatura do Acordo de Roma que firmava a paz entre RENAMO e FRELIMO, e a dois anos das primeiras eleições livres previstas para Outubro de 1994, com entrevistas a Afonso Dhlakama, Presidente da RENAMO, e a Joaquim Chissano, Presidente da República Popular de Moçambique e Secretário-geral da FRELIMO.
Resumo Analítico
Reportagem do jornalista Fernando Magalhães sobre a situação no país; grupo de crentes reza na praia; camiões incendiados; Maputo, movimentos de rua, mercado, vendedoras expõem produtos no chão, manifestação de professores, rapaz em cima de telhado, mulher rodeada por crianças; fiéis durante missa católica; homem lê Oração dos Fiéis durante eucaristia; Nampula, muçulmanos rezam numa mesquita; muçulmano diz que a guerra é a maior preocupação dos membros da sua confissão religiosa; outro fiel do Islão adianta que a população quer a paz e não é responsável pela guerra; rapazes com metralhadoras; crianças; aldeia com população esfomeada e doente. 06m12: Vivo de Fernando Magalhães numa aldeia revela que uma rapariga deitada no chão está a morrer; palhotas; corpos deitados no chão tapados com mantas; bebé mama ao colo da mãe; posto médico de organização humanitária; rapaz carrega saco de cereais; mulheres caminham com sacos de alimentos à cabeça; camião sobrelotado com passageiros em pé; veículos circulam; civil oferece comida a militar; metralhadora encosta a parede; mato; trovão; chuva; Maputo, militares das Nações Unidas descem de avião e marcham no aeroporto; veículos das Nações Unidas; homens sentados no chão; mala com documentos; rapaz com mala de viagem sobe a bordo de barco; navio acostado em cais. 08m40: Homem desmobilizado do exército confessa não saber o que fazer quando chegar à sua terra; homens em amurada de barco; militar distribui papéis a grupo de homens; homem escreve; parada de quartel. 09m43: Sofala, Maringue, 12 de julho de 1993, jornalista Maria Elisa entrevista Afonso Dhlakama que afirma que o Acordo de Roma estipula que aquela organização deve controlar as suas zonas até que governo saído de eleições democráticas tome posse; garante que controlam 87% do território; expõe as razões por que reivindica governadores provinciais. 13m51: Dhlakama diz que não viu necessidade de consagrar esta reivindicação em texto de Acordo de Roma; desvaloriza interpretação do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre aquele Acordo; garante que RENAMO não cede no que diz respeito a nomeação de governadores provinciais. 17m28: Dhlakama afirma que populações rurais não estão a receber comida como represália por viver em zonas controladas pela RENAMO; nega que tenham violado o cessar-fogo e justifica prisão de deputado da FRELIMO dizendo que este estava a caçar e que a RENAMO quis apenas proteger os animais. 21m35: refere que a sua próxima visita a Maputo para se encontra com Chissano não será só para tirar fotografias e que não quer embaraçar comunidade internacional; afirma que precisam de dinheiro para poderem sair dos seus aquartelamentos e fazerem campanha eleitoral; garante que o seu partido tem quadros suficientes para preparar eleições e para formar governo. 28m12: Declara que os signatários de Acordo de Roma ainda não se entendem e que, por isso, é necessária a participação activa da comunidade internacional; afirma que será possível recensear população logo que a FRELIMO reabilite estradas destruídas pela guerra; defende que meios de comunicação do Estado devem facilitar acesso de todas as forças políticas a exporem as suas ideias junto da população. 33m58: Garante que possibilidade de governo de unidade nacional não está excluída; manifesta o seu total desacordo sobre o ante-projecto de lei eleitoral; admite que estão ainda longe de acordo sobre processo eleitoral. 40m40: Confessa ter receio de que eleições não sejam democráticas e admite fazer um pedido formal ao Governo Português para que intervenha como mediador do processo eleitoral; afirma que Portugal tem mais responsabilidade na solução do conflito moçambicano do que qualquer outro país europeu.