Entrevista com Otelo Saraiva de Carvalho
Jornalista Raúl Durão, em conjunto com o jornalista convidado Cáceres Monteiro do semanário "O Jornal", entrevistam o Major Otelo Saraiva de Carvalho, candidato da Força de Unidade Popular (FUP) às eleições presidenciais.
Resumo Analítico
Major Otelo Saraiva de Carvalho refere a satisfação pelo modo como a campanha está a decorrer e a presença de apoiantes com mais maturidade nos comícios comparativamente com a campanha de 1976. 05m47: Otelo Saraiva de Carvalho mostra-se crente de que será eleito para a segunda volta, a ação do General António Soares Carneiro, candidato da coligação Aliança Democrática (AD) à presidência da República, como uma "marioneta" de Francisco Sá Carneiro, primeiro ministro, e do General António Ramalho Eanes, presidente da República e candidato independente apoiado pelo PS, PCP e PCTP às eleições presidenciais, como servidor dos interesses dos capitalistas e "inimigo de classe" que "cortou as asas da esperança" aos trabalhadores. 10m20: Realce para a estratégia de António Ramalho Eanes de construir um Bloco Central com o PSD e PS, o facto de ser um candidato representativo da ideologia de esquerda, os louvores que recebeu durante a carreira militar, o ato necessário de "indisciplina e desobediência" que motivou a revolução democrática de 25 de Abril de 1974 e as calúnias inventadas pela direcção do PCP sobre a sua pessoa. 16m05: Otelo Saraiva de Carvalho tece comentários sobre o apoio do PCP a António Ramalho Eanes apesar deste assumir uma posição anti-comunista e o "absurdo" da convergência de apoios de vários partidos a António Ramalho Eanes. 20m05: Otelo Saraiva de Carvalho destaca a unidade dos trabalhadores após o 25 de Abril de 1974 em torno de organizações populares sem influências partidárias, o atual controlo do associativismo popular pelo PCP, frisa o seu apoio às instituições de base popular, a utilização da posição geoestratégica de Portugal pela NATO para "agredir" povos como o palestiniano. 24m37: Otelo Saraiva de Carvalho tece comentários sobre a eventual participação de militares portugueses em guerras sob o comando da NATO, a exploração da mão-de-obra portuguesa pelas empresas multinacionais que se irá verificar com a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), a "disciplina pelo terror" instaurada na hierarquia militar por António Ramalho Eanes após o 25 de Novembro de 1975 e a sua intenção de promover a democracia nas Forças Armadas Portuguesas. 28m05: Otelo Saraiva de Carvalho destaca a normalidade da descaracterização do uniforme e figura dos militares após o 25 de Abril de 1974, o reconhecimento das hipóteses de António Soares Carneiro vencer as eleições e a necessidade de uma união política de esquerda.