Entrevista a Manuel Alegre e José Mário Branco
Jornalista Mário Crespo entrevista em estúdio Manuel Alegre, poeta e amigo de José Afonso (Zeca Afonso), que começa por manifestar desagrado perante "a tendência portuguesa que consiste em maltratar os vivos para depois, quando eles morrem, fazer uma espécie de festa do avesso", dirige críticas à televisão pelo facto de não ter divulgado o trabalho e obra de José Afonso principalmente junto dos jovens e destaca o que se perdeu com a morte de José Afonso. 04m07: Excerto da entrevista a José Afonso, músico e compositor também conhecido por Zeca Afonso, realizada em sua casa em Setúbal pelo jornalista Joaquim Furtado em abril de 1984, divulgada a propósito da sua morte ocorrida hoje de madrugada. 07m07: Mário Crespo entrevista em estúdio José Mário Branco, músico e amigo de José Afonso, que começa por dizer que "o nosso país acordou esta manhã, outra vez uma manhã com uma grande notícia, a da morte do Zeca. Finalmente o Zeca teve direito a grande notícia", destaca a sua obra musical, afirma que "acho que o Zeca foi quase tão ignorado pela Radiotelevisão Portuguesa depois do 25 de Abril, como antes". Manuel Alegre refere que teria sido importante que José Afonso tivesse sido bem tratado em vida e José Mário Branco manifesta espanto pela entrevista realizada pelo jornalista Joaquim Furtado, em 1984, só ter sido exibida hoje afirmando que Portugal "é um país perverso, onde o poder é perverso" e diz-se revoltado; Manuel Alegre diz que José Afonso "teve que morrer para provar que está vivo", refere a relação de amizade e familiar que mantiveram e defini-o como um "aristocrata do avesso"; José Mário Branco reflete sobre o que vai guardar de José Afonso e da sua relação e refere que as últimas palavras de José Afonso à companheira Zélia foram "não posso parar". Manuel Alegre e José Mário Branco referem os amigos de José Afonso, seguido de silêncio e José Mário Branco afirma "isto é uma parvoíce", que José Afonso era superior à política e conta história relacionada com o último concerto que fez no Coliseu dos Recreios, em que um "alto magistrado deste país" manifestou interesse em ser convidado para o espetáculo e que José Afonso respondeu "diga lá, que eu estive sempre de cu virado para o poder"; Manuel Alegre diz que nunca se feriu pela posição de José Afonso face os políticos e pede que não censurem o José Afonso.