Entrevista a Carlos Carvalhas – Parte II
Segunda parte da entrevista conduzida pelo jornalista Mário Crespo a Carlos Carvalhas, Secretário-Geral Adjunto do PCP, e candidato do Partido à Presidência da República, sobre a sua candidatura, o papel do Presidente da República, a economia portuguesa, e a posição do partido face aos acontecimentos nos países do Leste Europeu.
Resumo Analítico
Jornalista Mário Crespo retoma a entrevista com Carlos Carvalhas; o candidato comunista diz que os atuais poderes presidenciais são suficientes mas acusa Soares de ter exercido, no primeiro mandato, pouco os seus poderes e de ter deixado Cavaco Silva, o Primeiro-Ministro, ocupar um protagonismo que a Constituição não lhe dá; afirma que Soares devia ter tido um papel mais em assuntos como a Regionalização e a política de Habitação. 07m25: Carvalhas afirma que um dos pontos que o distancia de Soares é o conceito de estabilidade governativa; critica a falta de apoio do Governo aos agricultores portugueses; lembra que os direitos dos trabalhadores nem sempre são cumpridos e acrescenta que o trabalho infantil está proibido pela própria Constituição; reconhece que a conjuntura histórica dos mandatos de Ramalho Eanes e Mário Soares foram diferentes e, por isso, diz que não é possível compará-los; sobre o papel da Comunidade Europeia, Carvalhas afirma que há risco de perda de soberania nacional; adianta que o seu partido se opõe a uma unidade política de federalismo europeu. 16m18: Em relação à entrada do escudo no Sistema Monetário Europeu, Carvalhas enumera os aspetos da economia portuguesa que devem ser avaliados antes dessa adesão e as suas consequências. 21m56: Afirma que é justo que os cidadãos estrangeiros que vivem em Portugal possam votar nas eleições locais, mas discorda que possam votar nas Presidenciais e nas Legislativas; chama a atenção para o facto de Portugal se estar a tornar uma sociedade pouco solidária onde as pessoas são indiferentes aos problemas sociais dos outros; Carvalhas defende que o nosso país devia empenhar-se na dissolução dos dois blocos que se têm confrontado na Europa e contribuir para uma lógica de segurança coletiva comum, diferente da Organização do Tratado do Atlântico Norte e do Pacto de Varsóvia; admite que o modelo político soviético se esgotou mas sublinha que o PCP continua a ser comunista, a ter os mesmos valores e a não ter modelos; reafirma que o socialismo é a via justa para a Humanidade; 30m52: o candidato do PCP diz não ver razão para que os portugueses recusem as propostas do seu partido; afirma que o seu partido defende, para Portugal, uma democracia avançada e que mesmo antes da Perestroika era essa democracia que defendiam; garante que o PCP é um partido atual e que dialoga com todas as forças políticas para a resolução dos problemas dos portugueses.