Entrevista a Carlos Carvalhas – Parte I
Primeira parte da entrevista conduzida pelo jornalista Mário Crespo a Carlos Carvalhas, Secretário-Geral Adjunto do PCP, e candidato do Partido à Presidência da República, sobre a sua candidatura, o papel do Presidente da República, a economia portuguesa, e a posição do partido face aos acontecimentos nos países do Leste Europeu.
Resumo Analítico
Jornalista Mário Crespo apresenta o convidado; Carlos Carvalhas admite levar a sua candidatura até às urnas e sublinha que o seu objectivo, durante a campanha eleitoral, é debater os grandes problemas da sociedade portuguesa e o papel do Presidente da República; afirma que o PCP ainda não decidiu se retira ou não a sua candidatura antes do dia das eleições presidenciais. 05m48: Carvalhas afirma que, desta vez, não havendo o perigo de uma vitória da Direita, não será necessário apelar ao eleitorado comunista para que vote em Mário Soares (à semelhança da 2ª volta das Presidenciais de 1986); o candidato do PCP garante que a sua candidatura é séria e digna e recusa comentar cenários traçados por analistas políticos; sobre as recentes saídas de militantes do seu partido, como José Magalhães e Jorge Lemos, Carvalhas diz que é legítimo ter opiniões diferentes e discuti-las, mas adianta que é falta de ética fazê-lo fora do partido e desvaloriza essas demissões. 11m22: Candidato do PCP garante que a sua ida até às urnas está a ser debatida dentro do partido com toda a liberdade; admite que o facto de Soares ser, à partida, o vencedor desmobiliza o eleitorado mas sublinha que a sua candidatura tem peso suficiente para marcar uma posição forte nos resultados finais; Carvalhas garante considerar a candidatura de Soares democrática e lembra que não foi Soares quem pediu apoio ao PSD mas sim o PSD que se antecipou a apoiá-lo; sublinha, no entanto, que Soares não se distanciou dos sociais-democratas; 15m22: o candidato comunista afirma que o número de votantes não retira legitimidade ao candidato eleito; sobre a candidatura de Basílio Horta, do CDS, diz que ao apresentar-se como candidato supra-partidário não poderá, caso venha a ter um bom resultado, reclamar esses votos para os democratas-cristãos; afirma que a posição de Soares, ao não se afastar do PSD, deixa o PS numa situação incómoda; 21m50: sobre uma provável vitória de Soares, Carvalhas diz que o PS vai tentar reclamar para si o resultado, mas lembra que os votos em Soares são do PS e do PSD; fazendo uma antevisão das próximas Legislativas diz que o PS tem de definir se vai alinhar à Esquerda, com o PCP, ou à Direita, com o CDS; diz que o fundamental é retirar votos à Direita e não a deslocação de votos entre partidos de Esquerda; critica a política económica do Governo PSD, sobretudo as privatizações de empresas. 29m44: Carvalhas garante que a área de influência do seu partido está bem definida e que a sua candidatura não é um alerta dirigido ao PS; garante que o seu partido não perdeu referências e não renunciou ao socialismo; sublinha que o capitalismo não resolve as questões fundamentais dos povos; afirma que Gorbatchev, Presidente da União Soviética, tem apelado a uma economia de mercado e refere que isso é diferente de uma economia capitalista.