Entrevista a Basílio Horta – Parte II
Segunda parte da entrevista conduzida pelo jornalista Mário Crespo a Basílio Horta, candidato às eleições Presidenciais e militante do Centro Democrático Social (CDS), sobre a sua candidatura, as competências do Chefe de Estado, e questões da política nacional e internacional.
Resumo Analítico
Jornalista Mário Crespo retoma entrevista com Basílio Horta; o candidato do Centro-Direita defende que Portugal deve manter a identidade nacional e não pode dissolver-se na Europa; acrescenta que Soares é defensor de uma solução federativa para a Europa; refere que os aspectos fundamentais de soberania dos Estados não podem ser transferidos para o contexto europeu; reconhece que nem sempre está de acordo com as posições oficiais do CDS em assuntos europeus; crítica Soares por não ter exercido os poderes do Presidente da República durante o primeiro mandato e diz que não é necessário que o Chefe de Estado tenha mais poderes em matéria de Defesa Nacional. 05m20: Basílio Horta diz que áreas como a Educação, a Justiça, as Forças Armadas, a Europa, a Administração Pública e os Órgãos de Comunicação Social são matérias de Estado que devem fazer parte dos poderes de todos os Órgãos de Soberania e não só de um deles; afirma que o Presidente da República não tem de estar em confronto com o Governo e deve, sim, cooperar com o Executivo; adianta que o Presidente da República deve presidir aos Conselhos de Ministros em que estas matérias sejam tratadas. 10m32: Basílio Horta reconhece que o atual Governo melhorou a situação dos reformados mas defende maior justiça no aumento das pensões; quanto aos espoliados do Ultramar, o candidato diz que é o Estado português que deve indemnizá-los; acusa Soares de ter abandonado as ex-Colónias portuguesas à sua sorte em vez de ter feito uma descolonização. 17m33: Candidato centrista faz questão de lembrar que a sua carreira política começou na Primavera Marcelista, em 1969; lembra que logo em 1975 o seu partido e ele próprio se opuseram à forma como a descolonização estava a ser feita; afirma que é injusto culpar o Exército Português pela forma como decorreu a descolonização; defende que, atualmente, o Presidente da República deve ser o grande promotor da paz em Angola. 23m03: Em relação a Macau, área da competência do Chefe de Estado, Basílio Horta afirma que a situação no território é muito grave por ausência de Governo; apela a Mário Soares para que nomeie um Governador para Macau; 26m15: Horta crítica Soares por não ter tomado posição quanto à crise no Golfo Pérsico; sobre a União Soviética, o candidato do Centro-Direita acredita que as mudanças que estão a ter no Leste Europeu conduzirão a mais liberdade e afirma que o marxismo-leninismo é uma corrente ideológica que já faz parte da História; adianta que a Organização do Tratado do Atlântico Norte continua a ter razão de existir porque as ameaças à segurança da Europa não são só do Bloco de Leste e dá o exemplo de Saddam Hussein, Presidente do Iraque; admite ser amigo pessoal de Mário Soares mas distingue as relações pessoais das relações políticas.