Discurso de Marcelo Caetano na ANP – Parte II
Santarém, discurso de Marcelo Caetano, presidente do Conselho, no encerramento do I Plenário da Ação Nacional Popular.
Resumo Analítico
Marcelo Caetano enfatiza a importância e o valor do Ultramar e afirma que "as províncias ultramarinas têm nos dado nos últimos anos admirável exemplo do que podem a fé coletiva e o otimismo, não se deixaram intimidar pelas ameaças e pelos estragos do terrorismo (...) é esse espírito que tem de ser mantido lá e cá". 11m34: Referência às relações entre a ANP e a antiga União Nacional, o contexto político vivido durante as eleições legislativas de 1969 e afirma "não quero ver os portugueses divididos entre si como inimigos e gostaria que se fosse generalizando um espírito de convivência em que a recíproca tolerância das ideias desfizesse ódios e mal crenças mas todos sabemos pela dolorosa experiência alheia que se essa tolerância se estender ao comunismo estaremos cavando a sepultura da liberdade dos indivíduos na própria nação e que se vacilarmos correremos o risco de nos vermos cercados de ruínas". 17m30: Marcelo Caetano reitera que um "regime em que caibam todos os portugueses de boa vontade não pode ser confundido com ceticismo ideológico ou tibieza na decisão", recorda ideias que tem vindo a defender nos últimos anos e as eleições de deputados para a Assembleia Nacional em novembro de 1965, refere a colaboração entre o governo e a ANP e comenta a ação do governo. 31m21: Referência às campanhas revolucionárias e a proliferação de grupos anarquistas que persistem contra os valores defendidos pelo estado e à falta de preparação da sociedade portuguesa para lidar com esta situação, afirma que "enquanto o país quiser que me ocupe dos seus destinos, entendo que deseja liberdade sem anarquia, progresso sem desequilíbrio, justiça social sem revolução. Continuo a ter o desejo ardente de melhorar o nível cultural, educativo e económico do país e de criar condições ao desenvolvimento harmónico na nação, continuo a acreditar em que será possível vencer barreiras tradicionais de modo a levar a todos os recantos do país melhores oportunidades de vida e prosperidade, mas tudo isto deve ser feito segundo o nosso programa" e define-se como "conservador" e que prefere sê-lo ao invés de inconsciente ou ingénuo. 40m00: Marcelo Caetano pronuncia-se sobre a "moda de considerarem condenada a sociedade em que vivemos (...) atacam-se as estruturas, prega-se a inutilidade das reformas que se introduzam, procura-se desacreditar todas as suas instituições e desautorizar quantos as servem ou representam", refere-se às ideias revolucionárias enquanto utopias e mitos e reflete sobre o conceito de poder e a sua relação com o bem e o mal. 45m57: Marcelo Caetano refere e exalta as caraterísticas e virtudes de Portugal e do povo português, comenta o facto de existirem "desertores" e afirma que a "Pátria impõe deveres a todos os seus filhos, mesmo não militares. Na hora que passa os deveres são mais do que nunca indeclináveis, os deveres para com Portugal são deveres sagrados porque cujo cumprimento os portugueses de hoje responderam perante as gerações vindouras, perante o tribunal austero e implacável do futuro."