Aníbal Cavaco Silva declara que, terminado o prazo dado pelas Nações Unidas para que o Iraque retire as suas tropas do Kuweit, e perante a recusa iraquiana de cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a partir de agora existe uma real possibilidade de guerra no Médio Oriente; afirma ter esperança que o Iraque retire do Kuweit antes da declaração de guerra e diz apoiar o apelo de paz do Secretário-Geral das Nações Unidas; anuncia que, apesar de estar solidário com a comunidade internacional, Portugal não se envolverá directamente num provável conflito armado; declara que a participação portuguesa se limitará aos apoios humanitário e logístico; refere que tal apoio inclui a cedência da Base das Lajes e o envio de pessoal médico e transportes; garante aos portugueses não haver motivos para alarme no nosso país; afirma que as reservas de petróleo portuguesas garantem 4 meses de consumo; pede aos portugueses que, voluntariamente, poupem energia; diz que a situação das reservas cambiais de Portugal permitirá suportar eventuais dificuldades geradas por um aumento significativo do preço do petróleo; assegura que o Governo está preparado para fazer face às dificuldades que possam surgir mas sublinha que tais medidas só serão accionadas em caso de emergência; adianta que não há dificuldades de abastecimento de alimentos e matérias-primas; refere que não há razões para alarme. 09m27: Respondendo a uma pergunta do jornalista Vasco Trigo o Primeiro-Ministro diz que é impossível dizer que não existem riscos para Portugal mas garante que foram tomadas medidas para evitar actos terroristas no nosso país; Cavaco refere que as probabilidades de ataque iraquiano à Turquia (país que, tal como Portugal, é membro da NATO) são muito reduzidas; afirma que a posição do Governo não se altera com uma eventual entrada de Israel no conflito; esclarece estar em permanente contacto com Mário Soares, Presidente da República, e de que este está a par de todas as acções desenvolvidas pelo Governo; informa que também a Assembleia da República está a par das diligências do Governo nesta matéria. 16m57: O Primeiro-Ministro reconhece ter informação sobre algumas situações de açambarcamento de combustíveis em vários pontos do país. 20m44: Cavaco Silva garante que, no quadro da NATO, Portugal não tem qualquer força militar afecta à defesa da Turquia; adianta que as tropas portuguesas estão afectas à defesa do Norte de Itália; afirma que no caso da Turquia ser atacada Portugal não terá de fazer nenhuma declaração de guerra ao Iraque; acrescenta que, em caso de necessidade, para além das Lajes também a Base do Montijo poderá ser usada por tropas norte-americanas. 29m10: O Primeiro-Ministro sublinha que muitas das munições da NATO armazenadas no nosso país têm sido, nos últimos dias, levadas para outros países da Aliança Atlântica; nega que a indústria nacional esteja a produzir armamento para um eventual conflito no Golfo Pérsico. 36m02: Cavaco adianta que o plano de racionamento de combustíveis do Governo não entra em vigor em função do preço do petróleo, mesmo que o barril atinja os 100 dólares norte-americanos; explica que o problema só existe em caso de escassez de petróleo. 40m30: Cavaco nega que a Base Aérea de Sintra possa ser cedida como apoio às tropas americanas durante o conflito com o Iraque e admite que, a haver cedência de uma terceira base aérea, seria sempre Beja e não Sintra; afirma que a Crise no Golfo é um assunto demasiado sério para poder ser usado num período de pré-campanha eleitoral como o que se vive no nosso país. 47m17: O Primeiro-Ministro e Fernando Lima, Assessor de Imprensa, saem da sala; vivo do jornalista Carlos Narciso, resumindo a declaração de Cavaco Silva.