Comunicação ao país de Marcelo Caetano
Lisboa, comunicação ao país de Marcelo Caetano, presidente do Conselho sobre a importância do recenseamento eleitoral, os resultados das eleições legislativas, as responsabilidades dos governantes perante o povo e as dificuldades que afetam a governação derivadas de questões internas e da política externa.
Resumo Analítico
Marcelo Caetano critica os "vícios do parlamentarismo, com rixas partidárias, emulações pessoais, oratória demagógica e ação irresponsável. Os caminhos da liberdade são difíceis, porque são também os da responsabilidade". Referência à reforma dos vencimentos do funcionalismo público e à impossibilidade de satisfazer a totalidade dos trabalhadores civis e militares abrangidos por essa medida, os critérios que orientam a atribuição dos referidos salários à administração pública e afirma que "um mau funcionalismo público é uma praga social". Marcelo Caetano comenta a situação dos aposentados e dos pensionistas do Estado afirmando que não estão esquecidos e "veremos quando for possível atualizar de acordo com a subida do custo de vida", refere as dificuldades na governação afirmando "cada vez há menos resignação para suportar males tradicionais, cada vez é maior a impaciência de ver resolvidos casos que às vezes vem de há séculos. Andaríamos muito mais depressa se houvesse neste país menos críticos e maior número de homens de iniciativa". Garante "Desde que os cidadãos saibam agir, o Estado torna-se muito mais útil e eficiente. Se não ficamos nas palavras amargas, nos ressentimentos e na revolta", refere a política externa e a Organização das Nações Unidas (ONU) destacando o "grupo afro-asiático que está apostado em expulsar os europeus de África. E hostiliza Portugal de todas as maneiras (...) acusam-nos de colonialistas e amotinam o mundo contra nós" e "se alegamos a legítima defesa, as Nações Unidas fecham os olhos para não ver a evidência". Marcelo Caetano pergunta "a mim mesmo, pergunto ao país, se vale a pena continuarmos a estar presentes nestas reuniões" da ONU, afirma que a campanha internacional contra Portugal vai continuar pois é-nos exigido que abandonemos Angola e Moçambique aos "movimentos terroristas apoiados pela União Soviética e pela China (...) querem que desistamos da obra de fomento e de civilização presentemente em curso (...) como se isto fosse possível e faz pena", reafirma a política nacional de manutenção e defesa da unidade e integridade de todos os territórios portugueses e proteção das respetivas populações e garante que o "governo tem um mandato indeclinável a cumprir. É preciso que o país lhe não recuse os meios necessários para o cumprir".