Clínica Popular Comunal da Cova da Piedade

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Documentário sobre a Clínica Popular Comunal da Cova da Piedade, cuja criação remete para a ocupação a 28 de Fevereiro de 1975 do Palácio de António José Gomes pela LUAR (Liga de União e de Acção Revolucionária), com o objetivo de satisfazer as reivindicações associadas à melhoria das condições de prestação de cuidados de saúde na Cova da Piedade, incluindo testemunhos de membros da LUAR, médico, enfermeiro e pacientes.

  • Nome do Programa: CLINICA POPULAR COMUNAL DA COVA DA PIEDADE
  • Nome da série: TEMAS E PROBLEMAS
  • Locais: Cova da Piedade
  • Temas: Política, Saúde, Sociedade
  • Canal: RTP 1
  • Menções de responsabilidade: Produção: Cinequanone, Produções de Filmes
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Preto e Branco
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3

Resumo Analítico

Plano em movimento de placa identificativa da Cova da Piedade e movimento de carros e de rua; faixa "Luar-Criar Poder Popular", alusiva ao lema do jornal "LUAR: Semanário Revolucionário" da LUAR, presa em varanda; exterior da clínica; placa identificativa "Rua da Liberdade"; declarações de membro da LUAR, sobre a origem do nome da "Rua da Liberdade", anterior "Rua Doutor Oliveira Salazar", que foi a primeira coisa que vez quando chegou à Cova da Piedade após ter sido libertado da prisão a 25 de abril, pois os "camaradas se eu não tinha vergonha de morar numa rua daquelas"; jardim, exterior e fachada da clínica com voz off de jornalista a entrevistar o referido membro da LUAR sobre o palácio que alberga a clínica, designadamente Palácio de António José Gomes, e como surgiu a ideia de ocupar o mesmo de modo a criar a clínica. Fachada da clínica; jornalista entrevista populares, no Jardim da Cova da Piedade, sobre o que acham da ideia da ocupação do palácio para ser transformado em clínica e o apoio da população a esta causa, com destaque para senhor que testemunhou a referida ocupação "primeiro entraram ali na parte de trás, e por ali foram ter com o caseiro da quinta e ele é que deu as chaves para depois eles virem abrir a porta". Continuação das declarações de membro da LUAR sobre o plano de ocupação do palácio que incluiu três comunicados dirigidos à população com o objetivo de fomentar e motivar o apoio à ocupação, a ocupação em si e o início do funcionamento da clínica com alguns dos materiais médicos necessários, alternado com placa identificativa ?Clínica Popular Comunal de Parturientes e Protecção à Infância?; mulheres e crianças no interior de sala de espera; plano das portas da clínica, seguido da abertura da porta e hall de entrada. Jornalista entrevista senhora idosa em sala de espera sobre as razões que a levaram à clínica e não ao hospital e o tratamento que recebe ali; interiores da clínica, com destaque para a sala de espera e o banco que inclui macas e mesas com material médico com voz off de declarações de membro da LUAR sobre as pessoas que se voluntariaram para ajudar no que fosse preciso. 01h20m05: Dois enfermeiros observam penso aplicado na cabeça de menina, enquanto mulher (mãe) explica o tratamento médico que foi efetuado no posto médico e como é que a menina partiu a cabeça; plano aproximado das mãos do enfermeiro junto ao penso aplicado na cabeça da menina e dos pontos cosidos na cabeça; enfermeiro e mulher (mãe) tentam acalmar a menina que chora; enfermeiro limpa o redor da ferida com algodão; jornalista entrevista um dos enfermeiros sobre desde quando trabalha na clínica, os serviços e contribuição gratuita observados na clínica ?somos cinco colegas, mais ou menos, ao todo e temos assegurado o serviço e depois acho que isto deve ir para a frente, que é o que é necessário.? 01h21m44: Entrada e interior de berçário; declarações de Luzia, natural da Cova da Piedade e membro da LUAR, sobre o processo de solicitação de materiais médicos que a clínica precisava, através de cartas e telefone; teto trabalhado do berçário e respetiva vista do jardim; desenho ?Cuidado: não mexer?; hall de entrada com voz off de homem ?como era possível, uma casa destas com umas condições tão boas estar fechada há 21 anos e não ter sido aproveitada. É claro que se não fosse o 25 de abril não era possível fazer. 01h23m36: Jornalista entrevista emigrante português, na Alemanha, que veio somente visitar a clínica, sobre a sua opinião quanto à clínica que considera melhor que o Hospital de Almada, e se consideraria ser tratado ali ?talvez preferisse aqui do que no Hospital de Almada?, alternado com plano aproximado da cara de mulher. Vitrais e pintura do palácio; reflexo de lustre em espelho; interiores do palácio; lareira; teto trabalhado de corredor do palácio; criança em pé, no final do corredor, olha para a câmara e materiais médicos em cima de mesa, com voz off de membro da LUAR "a nossa parte da revolução também tinha de ser feita. Abrimos, creio a perspetiva do poder popular", o início da requalificação do palácio para receber a clínica, com destaque para as propostas e os técnicos envolvidos nas obras que "a determinada altura nós já estávamos a ser postos de parte. A nossa ideia revolucionária de transformar isto já não contava"; declarações de membro da LUAR, "Resolvemos então pôr todos os técnicos e os indivíduos que sabiam de parte e arrancámos nós". Teto trabalhado e respetiva sala com camas de hospital com voz off de membro da LUAR, sobre as cores escolhidas para pintar o consultório, a ajuda prestada por refugiados chilenos nas pinturas no restauro das pinturas já existentes no palácio; declarações de membro da LUAR e de Luzia sobre o estudo da eletrificação e os materiais elétricos e recursos humanos cedidos pela Câmara Municipal de Almada pela Comissão de Trabalhadores do Arsenal respetivamente "e não foram precisos técnicos (...) foram os operários, sem técnicos, que transformaram tudo isto e muitos deles nem sequer eram operários de profissão. Eram curiosos que fizeram o trabalho" Lavatório original do palácio; esculturas em varandas no exterior; com voz off de membro da LUAR, sobre as pinturas "apareceram aí os homens das Belas Artes, que vieram aí assustadíssimos, como se nós e mesmos os operários que cá estavam não tivéssemos sentimentos, se não gostássemos da arte. Eu tenho a impressão que esses senhores vivem num mundo à parte"; pintura; declarações de membro da LUAR, sobre uma senhora que no final de uma visita guiada pela clínica, perguntou se o entrevistado era médico e a sua surpresa quando soube que o mesmo era operário "só mais tarde é que soube que a senhora tinha um curso de administração hospital é que ficou um bocado despeitada". Jornalista entrevista o primeiro médico que inaugurou a clínica 30 minutos depois da sua ocupação, sobre a experiência marcada pelo improviso e voluntários, o trabalho que tem vindo a ser realizado "Pretendemos que fosse, e parece que foi mesmo, o primeiro passo para a instituição do serviço nacional de saúde, quer dizer um serviço para toda a população", as adesões das caixas de previdência, da CUF, da caixa de Setúbal, o objetivo de "continuar a ser uma clínica materno e infantil", a clínica enquanto "vanguarda do serviço nacional de saúde" e a relação médico-doente. Plano aproximado de cara de mulher; jornalista entrevista homem, em sala de espera, sobre as razões que o levaram ali, onde vive e se no Laranjeiro (zona de habitação) também existem médicos "há médicos, mas não tratam como os daqui. Preferem vir aqui assim do que aos médicos do Laranjeiro"; declarações de membro da LUAR, sobre a divulgação da ocupação, a seleção dos médicos "Isto é uma clínica revolucionária, e só com médicos revolucionários é que esta clínica poderá ser transformada naquilo que a gente quer (...) essa história de ser progressista não nos chega. Só é progressista o revolucionário. Ser progressista, mas o que é isso? É preciso é fazer coisas novas, fazer uma medicina diferente, é preciso que ele viva o doente", e o que se espera e pretende da relação médico-doente. Jornalista entrevista mulher, em sala de espera, sobre o ter sido atendida na clínica enquanto estava em trabalho de parto, as condições de tratamento da clínica e as diferenças entre esta e uma maternidade alternado com plano aproximado de bebé a dormir ao colo da entrevistada; cartaz "Nós, as crianças"; jornalista entrevista mulher, em sala de espera, sobre as razões que a levaram a clínica e a opinião sobre os médicos da clínica. Consulta médica, ministrada por médica, a paciente grávida; médica executa exame à barriga de paciente grávida, planos aproximados de caras, braços e mãos de bebé e criança, e de mão de bebé a segurar mão de mulher com voz off de jornalista a entrevistar mulher sobre a razão da sua visita à clínica, a impossibilidade de fazer o parto na clínica devido a problemas relacionados com o seu bebé, as suas idas à Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Jornalista entrevista Luzia sobre a repartição de trabalho na clínica "aqui dentro não há patrões, nem encarregados nem há chefes. As pessoas que entram vêem o que há para fazer", e o trabalho de gestão que lhe foi destinado mas "que tanto esfrego, como faço pensos. Só o que não sei ainda é dar injeções mas que vou aprender" e membro da LUAR, sobre como vão ser futuramente as escalas de ordenados dos funcionários "não haverá chefes, nem diretores clínicos. Quanto aos ordenados, estamos a estudar o assunto de dar ordenado igual para toda a gente. É claro que os médicos revolucionários aceitam imediatamente, os outros também não há hipóteses porque eles não vêm para aqui", a razão da integração de "Popular Comunal" no nome da clínica "popular porque é para o povo e dirigida pelo povo e comunal porque pretendemos transformar a freguesia da Cova da Piedade numa comuna. As pessoas dizem que é utópico, mas não é verdade", alternado com pessoa em jardim coberto e faixa "Clínica Popular Comunal" presa na varanda; vista do jardim a partir do berçário. Jardim com árvores e vegetação nas traseiras da clínica com voz off de membro da LUAR, sobre a expectativa de construção de um infantário nas traseiras da clínica; declarações de homem, membro da LUAR, sobre a inauguração e respetivos convidados, com destaque para membros do Movimento das Forças Armadas (MFA), a posição do Governo face à clínica e respetiva ocupação, e a importância da clínica enquanto pioneira da criação do poder popular; e de Luzia sobre o tratamento médico, prestado pela clínica, a pessoas naturais de Lisboa ou Seixal alternado com faixa "criar poder popular" presa na varanda; pintura. Pessoas na sala de espera da clínica, com as vozes off de membro da LUAR, e de Luzia sobre a importância da criação da clínica de modo a responder às necessidades das pessoas, mas que tal não basta para resolver a situação a nível nacional, e que é preciso que outros concelhos façam o mesmo que foi feito na Cova da Piedade.

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