António Marinho Pinto
Entrevista conduzida por Raquel Abecasis, subdiretora da Rádio Renascença, e por José Manuel Fernandes, diretor do jornal "Público", a António Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, sobre os seus objetivos na ordem que representa, as críticas de que é alvo por parte de José Miguel Júdice, as relações entre a advocacia e a política e a situação da Justiça em Portugal.
Resumo Analítico
Início com apresentação do entrevistado e das temáticas a debater; Análise e comentário à sua suspensão como advogado para exercer o bastonalato; Críticas de José Miguel Júdice ao entrevistado; Defesa da elaboração de concursos públicos para a escolha de advogados para representar o Estado; Acerca das relações entre a advocacia e a política afirma que: - "...há de facto pessoas que estão com um pé no Governo ou na Assembleia e outro em escritórios de advogados e que deixam suspeitas sobre os serviços que recebem..."; Defende a incompatibilidade entre o exercício da advocacia e a condição de deputado; O entrevistado entende a necessidade de se proceder à regulação do "lobbing" em Portugal de forma a distingui-lo do tráfico de influências; Recusa mais uma vez responder às críticas de Miguel Júdice que o comparou a Hugo Chávez, apodando-o de populista e judicialista; Critica a degradação da profissão de advogado que aumentou com a desjudicialização da Justiça, massificação da advocacia, a falta de respeito e cultura de poder generalizada nos Tribunais; Explicação das questões que o dividiram com Miguel Júdice enquanto Bastonário em exercício e o entrevistado como Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados e a este propósito afirma: - "...eu não estou em guerra com os magistrados (...) mas não me curvo por medo ou por conveniência ou oportunismo diante de poderes, sejam eles quais foram..." ; Acerca de uma frase que proferiu sobre o Conselho Superior da Magistratura diz: - "...a minha postura como Bastonário é diferente da minha postura como advogado. Como advogado falo por mim e pelo-me por uma boa zaragata, não fujo delas, nem tenho medo delas e gosto de uma boa polémica. Como Bastonário não é essa a minha função..."; Comentário ao valor elevado das custas judiciais que classifica como denegação de Justiça; Lamenta o falhanço do pacto de Justiça entre o Partido Social Democrata e o Partido Socialista; Sobre a necessidade de unificação dos advogados no pós eleitoral diz: - "...o rancor é a secreção em recipiente fechado de prolongadas impotências...", cit. Albert Camus.