A Política é de Todos
Programa de caráter político, educativo e informativo sobre o papel do escritor em Portugal antes e depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, os mecanismos da censura e as dificuldades criadas no acesso aos livros e aos escritores contemporâneos, com destaque para o assalto e extinção da Sociedade Portuguesa de Escritores (SPE) em 1965 e a participação dos escritores Maria Velho da Costa e José Cardoso Pires.
Resumo Analítico
Interior de livraria; entrevistas de rua sobre a dificuldade em escolher e adquirir livremente livros de autores portugueses contemporâneos antes do 25 de Abril, a maior liberdade de expressão após a revolução e as dificuldades impostas aos escritores pela censura, a falta de hábitos de leitura, o desconhecimento dos autores portugueses contemporâneos pela população e as razões dos mesmos intercalado com livros em interior de livraria. 05m09: Declarações de livreiro sobre os autores portugueses mais procurados antes do 25 de Abril; Maria Velho da Costa e José Cardoso Pires conversam sobre as dificuldades de se ser escritor livremente antes do 25 de Abril devido à falta de investimento dos editores em escritores jovens, por ação da censura sobretudo a partir de 1945, a impossibilidade de um novo autor ser autónomo financeiramente com a escrita intercalado com livros em expositores e com depoimento de jovem rapariga sobre as dificuldades no acesso livre ao livro e à leitura em Lisboa e na província e o tipo de livros acessíveis. 12m32: Declarações de jovem sobre a dificuldade em encontrar obras de escritores portugueses contemporâneos antes do 25 de Abril, o necessário recurso às bibliotecas das coletividades, universitárias e aos circuitos paralelos de comercialização de livros e a importância em estreitar o fosso existente entre o público e o escritor, intercalado com José Cardoso Pires refere o renascimento dos meios ligados à escrita e ao escritor e da necessidade de o escritor os descobrir e se adequar a estes. 14m26: Continuação da conversa entre Maria Velho da Costa e José Cardoso Pires sobre a SPE e o seu significado durante o período do Estado Novo, o processo de intimidação e repressão que conduziu ao assalto à sede e extinção da sociedade por ocasião da concessão de um prémio literário ao escritor angolano e preso político Luandino Vieira pelo livro "Luanda" em 1965 e a adesão de profissionais da comunicação social em geral e sobretudo da televisão à "caça às bruxas" que se seguiu, intercalado com exterior e interior do prédio da SPE destacando-se o estado em que ficou após o assalto. 19m18: Excerto do programa "Panorama literário" sobre o "escândalo" da atribuição do prémio da SPE, apresentado por José Mensurado, com a participação de Amândio César, crítico e estudioso de literatura ultramarina, José Redinha, etnólogo angolano, e os poetas Geraldo Bessa Victor e Mário António e destaque para Amândio César que chama de o "traidor" Luandino Vieira, a sua alta traição à inteligência portuguesa e o escândalo da atribuição de um prémio a uma obra que qualifica como sendo de "quinta ordem". 22m08: José Cardoso Pires recorda os mecanismo de repressão aos escritores após a extinção da SPE; imagens de arquivo do Almirante Américo Tomás, presidente da República, que entrega prémio nacional de poesia a autores literários ente os quais Fernanda de Castro e António Manuel Couto-Viana. 24m10: Declarações de jovem, em interior de livraria, acerca das suas preferências em termos de autores portugueses contemporâneos nos campos da ficção e do ensaio e a grande eficácia dos mecanismos da censura na província; declarações de populares sobre se valia a pena ser escritor em Portugal antes do 25 de Abril e da possibilidade actual de dedicação exclusiva à escrita. 25m42: Continuação da conversa entre Maria Velho da Costa e José Cardoso Pires sobre a profissionalização do escritor em Portugal, o papel a desempenhar nesse sentido pela Associação Portuguesa de Escritores ou por um futuro sindicato dos escritores; popular, quando questionado sobre os escritores portugueses cujas obras procurava adquirir antes do 25 de Abril, confessa após prolongado e incómodo silêncio não o ter feito por ser analfabeto.