A Política é de Todos
Programa de caráter político, educativo e informativo conduzido por José Garibaldi Barros Queirós e João Bénard da Costa sobre a censura e a literatura proibida em Portugal durante o governo do Estado Novo, com a participação de representantes da Tipografia Guido e da Editora Moraes e do escritor José Cardoso Pires.
Resumo Analítico
Interior da Tipografia Guido em Odivelas, onde trabalhadores executam várias tarefas alternado com José Garibaldi Barros Queirós que entrevista Artur Guido, proprietário da tipografia, que lhe mostra Ordem de Notificação da Direcção-Geral de Segurança (DGS) à tipografia para se apresentar na sua sede da Rua António Maria Cardoso no dia 25 de Abril de 1974 e refere os problemas que teve com a censura durante o Estado Novo e a forma como eram notificados mensalmente para prestar declarações sobre as obras que editavam, maioritariamente da Seara Nova e Editorial Estampa. 02m38: José Garibaldi Barros Queirós relata a coação infligida nos colaboradores da editora Seara Nova e a proibição de livros alternado com ordem de busca à editora para apreensão de livros, valores e documentos assinada pelo Inspetor Mortágua da DGS, fotografias de livros e documentos destruídos resultantes dessas buscas e lista de livros apreendidos e proibidos de circular à editora em 1973; continuação da entrevista a Artur Guido e Carlos Barbosa, colaborador da Tipografia Guido, sobre como foi ameaçado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). 05m58: Francisco Penedo, da Editora Moraes, afirma que não havia censura prévia obrigatória e que os editores apostavam num livro que depois podia ser alvo de censura; Carlos Barbosa conta como se passavam as visitas da PIDE; Francisco Penedo refere o funcionamento dos serviços da PIDE relativo aos livros que já tinham sido vendidos; José Garibaldi Barros Queirós conta que os Correios e Telecomunicações de Portugal também tinham agentes da PIDE a trabalhar na censura, sendo alguns livros apreendidos por este canal; livros da Seara Nova e entrevista funcionário da tipografia sobre a falta de critérios para a proibição daí ser impossível saber o que iria ser apreendido. 10m41: Continuação da entrevista a Francisco Penedo, conduzida por João Bénard da Costa, sobre o encerramento de vários editoras por ação da censura, entre as quais a Editorial Minotauro devido à publicação do livro "Peças em um acto: a guerra santa, a estátua" de Luís de Sttau Monteiro em 1967; José Cardoso Pires, escritor, recorda como um administrador da sua editora pressionou o editor do seu livro "Dinossauro Excelentíssimo" para não publicar uma segunda edição. 12m35: Francisco Penedo refere a situação da Editora Moraes e a Francisco Penedo e a percentagem de livros aí apreendidos (5%); José Cardoso Pires diz que os jovens autores não eram alvo de aposta dos editores; José Garibaldi Barros Queirós entrevista funcionário da tipografia sobre a apreensão de livro pela PIDE; José Cardoso Pires identifica a literatura como arma perigosa para o regime fascista (fascismo) e recorda a ação do antigo ministro Paulo Rodrigues na criação do "gabinete da censura fantasma". 17m23: Capas da revista "Seara Nova"; José Garibaldi Barros Queirós pronuncia-se sobre o processo de censura nas revistas, que estavam sujeitas a censura prévia, vendo igualmente material censurado de forma arbitrária e conversa com João Bénard da Costa sobre a censura interna na revista "O Tempo e o Modo" para poder ter hipótese de passar e o peso económico que implicava compor duas ou três revistas para passar uma alternado com artigos censurados e cortes (riscos nas páginas); funcionário da tipografia recorda visita da PIDE às instalações e o material apreendido.