Maria Lamas

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas nasceu no dia 6 de outubro de 1893 em Torres Novas. Foi uma escritora, tradutora, jornalista e ativista política feminista portuguesa. Frequentou a escola primária do Conde Ferreira e completou os estudos no Colégio das Teresianas de Jesus Maria José, em Torres Novas, em regime de internato. Casou-se com 17 anos, com Teófilo José Pignolet Ribeiro da Fonseca, republicano e oficial da Escola Prática de Cavalaria de Torres Novas. Grávida acompanhou o marido, enviado em missão para trabalhar em Angola. Regressa a Portugal, novamente grávida e disposta a conseguir o divórcio e lutar pela tutela das suas filhas, vendo a sua imagem abalada, não só pelo divórcio e a emancipação da mulher serem um tabu na tradicionalista e conservadora sociedade portuguesa, mas por ter atacado verbalmente o seu marido em público. Em 1920 é-lhe concedido o divórcio, permitindo-lhe, casar com o jornalista e apoiante monárquico Alfredo da Cunha Lamas, com quem teve a terceira filha. Divorciou-se novamente em 1936, embora tenha ficado com o apelido Lamas. Escreveu para os jornais "O Século", "O Almonda", "A Joaninha", "A Voz", "A Capital" e o "Diário de Lisboa". Publicou poemas, crónicas, novelas, folhetins, textos para crianças, adolescentes e mulheres, sendo estes últimos de cariz interventivo e político sobre a reivindicação dos direitos das mulheres. Em 1928 dirige o suplemento "Modas & Bordados" do jornal "O Século". Por esta altura começou a luta pela dignificação e a emancipação da mulher, associando-se ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP). Inscreve-se na Associação Feminina para a Paz, e passa a assinar as suas obras como Maria Lamas, porque até aqui assinava com diversos pseudónimos. Um deles terá marcado as mulheres portuguesas do início do século XX, a "Tia Filomena", responsável pelas respostas do correio sentimental do "Modas & Bordados". Em 1945, tornou-se presidente da Direção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, até ter sido proibida pelo governo, cessando a sua existência. Nos anos seguintes continuou a desenvolver uma atividade propagandista e ativista contra o Estado Novo, o que originou várias perseguições e detenções pela PIDE. Em 1962, viajou para Paris, passando a residir como exilada política. Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, Maria Lamas, com 80 anos de idade foi agraciada e homenageada diversas vezes. Foi dirigente do Comité Português para a Paz e Cooperação; diretora honorária da revista "Modas & Bordados"; presidente honorária do Movimento Democrático de Mulheres (MDM); diretora da publicação "Mulheres"; filiou-se oficialmente no Partido Comunista Português; recebeu a Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República, Ramalho Eanes, em 1980; foi homenageada pela Assembleia da República, em 1982 e recebeu a Medalha Eugénie Cotton, da Fédération Démocratique Internacionale dês Femmes, em 1983. Morreu a 6 de dezembro de 1983, com 90 anos de idade, em Lisboa.