Quem é Mário Soares?

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Jornalista Carlos Veiga Pereira entrevista Mário Soares, primeiro ministro, e a sua esposa Maria Barroso, sobre os seus percursos pessoais, profissionais e carreira política, desde a oposição política ao regime do Estado Novo até à atualidade enquanto líder do governo português.

  • Nome do Programa: Quem é Mário Soares?
  • Nome da série: Quem é Mário Soares?
  • Locais: Lisboa
  • Personalidades: Mário Soares, Maria Barroso (Maria de Jesus Barroso Soares), Carlos Veiga Pereira
  • Temas: História, Política
  • Canal: RTP 1
  • Menções de responsabilidade: Jornalista: Carlos Veiga Pereira
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Preto e Branco
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3

Resumo Analítico

Carlos Veiga Pereira refere a ação política de Mário Soares enquanto secretário geral do PS, estadista e militante/opositor antifascista e questiona-o sobre o início do seu percurso político até ao cargo de primeiro ministro. 02m34: Mário Soares afirma tratar-se de um longo percurso, defendendo como natural o facto de qualquer homem ligado à política desempenhar posteriormente uma função ministerial, relata os seus progressivos contactos com a vida política referindo a posição política e acontecimentos de vida de seu pai, o contexto político mundial e nacional do período em que frequentou o liceu (a Guerra Civil de Espanha, com grande impacto na sua geração, a II Guerra Mundial e as reivindicações académicas geradas pelo aumento das propinas nos anos que precederam a sua entrada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e a época em que frequenta a faculdade e entra para grupo de resistência onde conheceu Joaquim Barradas de Carvalho e Rui Grácio e refere que conheceu Maria Barroso na faculdade e não devido ao facto dos pais de ambos terem uma história política comum. 06m09: Maria Barroso refere o seu contexto familiar, académico e profissional, destacando a passagem pelo Conservatório Nacional onde conheceu o ator Arnaldo Assis Pacheco que a aconselhou e mantinha também uma postura de oposição ao Estado Novo, o seu percurso simultâneo na Faculdade de Letras e no Teatro Nacional e o contexto em que conhece o atual marido; Mário Soares pronuncia-se sobre a polémica gerada pela sua primeira tese de licenciatura sobre Teófilo Braga, político republicano e primeiro Presidente do Governo Provisório em 1910, que o levou a desistir e a desenvolver uma nova tese denominada "Oliveira Martins e o Fontismo" onde explora temas ligados ao socialismo catedrático de Oliveira Martins e à política de Fontes Pereira de Melo, comenta a sua participação ativa nos movimentos da oposição durante os anos que frequenta a faculdade, refere as dificuldades sentidas para concluir o curso por ter sido preso três vezes e destaca a fundação da Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil, onde se relaciona com Francisco Salgado Zenha, Octávio Pato, Júlio Pomar e Joaquim Caldeira Rodrigues. 10m23: Mário Soares explica os motivos pelos quais, após ter frequentado a Faculdade de Letras, enveredou pela área do Direito, frequentando o curso e vindo posteriormente a intervir em processos políticos como voluntário e a exercer direito fora da área política de forma remunerada, refere a sua ligação ao MUD Juvenil e o contexto em que surge a sua incompatibilidade com as orientações do Partido Comunista Português (PCP) a partir de 1949 e o seu respetivo afastamento do partido. 14m28: Maria Barroso relata o seu percurso entre 1948 e 1949, salientando o facto de ter sido demitida do Teatro Nacional e o seu casamento com Mário Soares após campanha do General José Norton de Matos para as eleições presidenciais de 1949, seguido de Carlos Veiga Pereira refere os recitais de poesia de Maria Barroso após a saída do Teatro Nacional, época em que conheceu o casal e refere os problemas que teve no MUD Juvenil devido à sua relação e contacto com Mário Soares. 15m27: Mário Soares e Maria Barroso relatam as pressões que sofreram por parte de políticos que consideravam amigos e Maria Barroso define a época como "tempo de desesperança" dando exemplos das represálias que sofreu profissionalmente, como a sua atividade ter sido limitada a recitais em coletividades operárias e em agrupamentos estudantis visto não ter licença do governo para desenvolver atividade teatral, foi proibida de dizer poemas e de fazer o recital "A Voz Humana" de Jean Cocteau após conseguir regressar ao teatro em 1965, o seu nome passou a ser mal dito nos jornais, as críticas ao recital foram impedidas de ser lançadas e a sua presença nas festas das associações académicas foi impedida. 17m45: Mário Soares relata a fase de criação do grupo de reflexão política "Resistência Republicana e Socialista" ao qual pertenceram Manuel Mendes, Fernando Piteira Santos ou Gustavo Soromenho e as ações políticas de oposição legal ao governo e eleitorais desenvolvidas nesse âmbito, reforça a ideia afirmando que foi como representante desse grupo que entrou no diretório democrático-social que agrupava grandes figuras, tais como Azevedo Gomes, António Sérgio e Jaime Cortesão e explica os acontecimentos que resultaram na extinção deste grupo e da posterior formação da Acção Socialista, juntamente com nomes como Manuel Alfredo Tito de Morais, Ramos da Costa ou Francisco Salgado Zenha e do PS. 19m47: Mário Soares relata pormenores relativos ao número total de vezes que foi preso, explica os motivos que conduzem ao agravamento da sua situação perante o regime salazarista que culminam na sua deportação para São Tomé, tais como o facto de ter aberto inquérito relativamente ao assassinato do General Humberto Delgado e expandindo o caso internacionalmente e a atribuição do processo ?Ballet Rose? relacionado com o abuso sexual a crianças por parte de pessoas influentes, refere que regressa a Portugal em novembro de 1968, mediante a autorização de Marcelo Caetano, presidente do Conselho, no ambiente da denominada "Primavera Marcelista" na qual diz nunca ter acreditado. 27m51: Mário Soares explica as características e ações desenvolvidas pela Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), formação eleitoral pela qual foi candidato às eleições legislativas em 1969, e pela Comissão Democrática Eleitoral (CDE) apoiada pelo PCP, relata o episódio considerado injúria pelo Estado português, quando se encontrava nos Estados Unidos da América e que fez com que não regressasse a Portugal nomeadamente a conferência de imprensa em que denunciou a prisão de companheiros na lista de campanha da CEUD e falou sobre a autodeterminação e a solução política da guerra colonial. 30m40: Maria Barroso explica a forma como alertou o marido acerca da campanha que se fazia em Portugal contra ele e Mário Soares relata o período em que permaneceu em Itália, onde continua a escrever ?Portugal Amordaçado? que havia iniciado em São Tomé e episódios que vive em Portugal aquando do seu regresso ao país pela morte de seu pai e refere as atividades a que se dedicou no período em que permaneceu em França, nomeadamente a organização do Partido Socialista (PS) no estrangeiro. 35m23: Maria Barroso explica as dificuldades pelas quais passou para conseguir, simultaneamente, assegurar a subsistência da família em Portugal e apoiar Mário Soares durante o tempo em que este esteve deportado em São Tomé, em condições que define como extremamente duras e que punham em perigo a vida do marido exilado em França, considerando que estes foram os tempos mais difíceis da sua vida e Mário Soares relembra a sua visita oficial à Alemanha uma vez que coincide com a revolução de 25 de Abril de 1974, data que marca o seu regresso a Portugal, e explica que influência teve o exílio em França no seu pensamento político. 38m40: Maria Barroso expõe de que forma tem sentido os anos posteriores ao 25 de Abril de 1974 e as dificuldades que foram enfrentadas e Mário Soares faz um balanço dos vinte e sete meses passados da revolução, destacando que a mesma decorreu sem muitas perdas de vida humana e sem grandes manifestações de violência quando comparada com outras revoluções, refere a forma como foi evitada uma guerra civil e o surgimento de forças que impediram a emergência de uma nova forma de ditadura após a revolução e o envelhecimento e cansaço que sente devido ao esforço físico e intelectual que tem feito nos últimos anos/meses.

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