Comunicação de Marcelo Caetano I
Comunicação ao país de Marcelo Caetano, Presidente do Conselho, a propósito do encerramento do período da campanha eleitoral para as eleições legislativas, e em que faz apelo ao voto.
Resumo Analítico
03m15: Marcelo afirma que "o governo não intimidou ninguém. Estabeleceu normas a seguir e procurou fazê-las cumprir (...) mas é falso que da parte das autoridades ou de qualquer entidade responsável tivesse havido ameaças ou coação sob os membros dos grupos oposicionistas". Referência ao facto dos candidatos da oposição terem chamado estrangeiros para virem verificar como decorria a propaganda eleitoral e como eram feitas as eleições em Portugal e afirma "lastimo profundamente que portugueses tivessem chegado até ao ponto de terem convocado membros das direções da Internacional Socialista e de vários partidos socialistas europeus". Marcelo afirma "fala-se por vezes em regressar ao regime dos partidos", refere aos portugueses que "consciente e deliberadamente abdicasse da dignidade nacional, com indizível mágoa soube agora que numa reunião alguém saudou em especial o socialista sueco presente e com ele se congratulou pelo auxilio que o governo e o partido socialista da Suécia prestam aos movimentos antiportugueses em África". Referência à necessidade de deixar claro que o "povo português não é pelo abandono do Ultramar (...) Uma coisa é o que deve ser, outra coisa é o que é", destaque às discussões sobre a política ultramarina que decorreram durante a campanha eleitoral e que "é preciso mostrar ao mundo que o governo ao seguir determinada política tem o apoio do eleitorado, como tem manifestamente o apoio da nação (...) a autoridade do governo para prosseguir interna e internacionalmente a política ultramarina será reforçada ou enfraquecida pelo comportamento do eleitorado.", apela ao voto ao invés da abstenção e afirma "fala-se muito em participação, em intervenção dos indivíduos na vida coletiva. Pois estas eleições dão um ensejo de participar, isto é, de tomar responsabilidades na condução na nação." Marcelo reitera que "a sociedade em que existimos está ameaçada pelo comunismo totalitário e pelo anarquismo", pergunta "será conveniente cultivar o comodismo, animar a preguiça mental e deixar correr a impreparação para a luta, que se não for travada a tempo no domínio da inteligência e nas ações quotidianas, pode vir a converter-se em guerra civil?" e avisa para os eleitores não se iludirem pois "Com o seu voto, decidirão a paz ou chamarão a guerra civil, a mais curto ou a mais largo prazo". Apelo ao voto, exalta a importância destas eleições e afirma que "(...) cumpre ao eleitorado tomar as suas (responsabilidades). Eu tenho a certeza que ele saberá escolher a causa da pátria, a causa da ordem, a causa do Ultramar português, a causa de um futuro conquistado pelo trabalho na paz e na solidariedade entre todos os portugueses".