Penso, logo existo? – Parte I
Primeira parte do programa apresentado por Maria João Seixas onde entrevista Eduardo Lourenço, ensaísta, filósofo e intelectual português, sobre a identidade e história portuguesas, a integração na Europa, filosofia, poesia, política e cinema.
Resumo Analítico
Excerto do filme "Gestos e Fragmentos" de Alberto Seixas Santos, em que Eduardo Lourenço lê documento sobre a relação entre a intelectualidade e os militares e a importância das Forças Armadas na sociedade portuguesa. Maria João Seixas apresenta o seu convidado e diz que Eduardo Lourenço sempre foi uma luz que a iluminou e orientou. Eduardo Lourenço comenta o titulo dado ao programa diz que a nobreza do homem é o pensamento através do qual se organiza na sociedade, afirma que a existência precede a essência, refere que pertence a uma geração neo-realista com uma filosofia tipo materialista que enraizava o pensamento na matéria. Eduardo Lourenço diz que nunca se profissionalizou em nada acabando por ser um amador, que se deixou levar pela paixão da poesia e da filosofia, considera a poesia a intuição imediata do ser, a matriz de tudo o resto, concorda que a poesia é a manifestação do divino, o grande horizonte da cultura e dá o exemplo dos poetas Homero, Dante e Camões. Eduardo Lourenço diz que a filosofia portuguesa foi representada pelas criações poéticas e dá o exemplo dos poetas Bernardino Ribeiro, Gil Vicente, Camões, Fernando Pessoa e Antero de Quental cujas poesias podem ser uma viagem no interior de um pensamento num vaivém entre a emoção vivida e o pensamento dessa emoção, e crê que todos os povos têm uma poesia lírica que se manifesta na história pela ação guerreira e exemplifica com a poesia da natureza épica dos espanhóis e da poesia lírica dos portugueses.- Maria João Seixas fala de " O Labirinto da saudade" obra de Eduardo Lourenço. Eduardo Lourenço fala do seu percurso entre Portugal e França, mas diz que só se tem uma pátria, principalmente no seu caso, que nasceu numa aldeia, que se encontra algures entre Gil Vicente e Júlio Dinis. Eduardo Lourenço considera que nunca se deve regressar às origens porque nunca se vê o espaço da mesma maneira, todos os regressos são uma desilusão, e lembra-se do dia em que regressou à sua aldeia São Pedro de Rio Seco, em Almeida, e das diferenças que encontrou, caracteriza a paisagem dura de planalto, o choque de rapaz quando saiu da aldeia e foi para a Guarda, uma época medieval, e fala da influência da cultura islâmica do concelho de Almeida que quer dizer "A mesa", e diz que a cultura europeia foi sempre uma cultura de diálogo interno e dá exemplos de alguns choques culturais. Eduardo Lourenço fala da herança da cultura islâmica em Portugal e Espanha.