Uma toca, a outra não… – Parte I

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Primeira parte do programa apresentado por Maria João Seixas tendo como convidada Maria João Pires, pianista, onde a solista portuguesa fala das dificuldades acuais da vida artística em Portugal assim como da sua preocupação em relação à qualidade da mesma, e comenta alguns aspetos da sua vida privada.

  • Nome do Programa: Uma toca, a outra não...
  • Nome da série: Quem Fala Assim...
  • Locais: Portugal
  • Personalidades: Maria João Seixas, Maria João Pires
  • Temas: Artes e Cultura, Sociedade
  • Canal: RTP 1
  • Menções de responsabilidade: Autoria e Apresentação: Maria João Seixas. Colaboração: Maria de Fátima Bonifácio. Produção: Rui Esteves, Maria de Fátima Cavaco e Paulo Cardoso. Realização: Fernanda Cabral.
  • Tipo de conteúdo: Programa
  • Cor: Cor
  • Som: Mono
  • Relação do aspeto: 4:3 PAL

Resumo Analítico

Maria João Pires interpreta ao piano Sonata "lá bemol maior, Op.110" de Beethoven. Maria João Seixas pede a Maria João Pires para mostrar as suas mãos dizendo que sempre ouviu dizer que anatomicamente seria impossível para ela tocar o que toca por ter mãos pequenas. Maria João Pires diz que tem que escolher o que toca e que a maioria da música do sec. XX não pode tocar. Maria João Seixas pergunta se já toca temas do compositor alemão Brahms e Maria João Pires admite que houve uma altura em que teve medo de não abordar a música de Brahms suficientemente bem e o principal problema foi não ter mãos grandes, com exceção da música de câmara, afirmando que quando toca Brahms se sente demasiado leve, mas que não sente frustração por não conseguir tocar este tipo de música, Maria João Pires sublinha que adora viver no campo mais especificamente na sua quinta em Castelo Branco. Questionada sobre se gosta de viver em Portugal, Maria João diz que neste momento em Portugal a mediocridade ocupa um espaço tão grande que não há lugar para a coexistência das várias formas de arte, afirma que não se afasta do público mas que não obriga ninguém a gostar de si. Maria João Seixas lê um excerto escrito por Maria João Pires sobre o facto de se sentir fora do seu país e que é contraditório dizer-se que ela é uma interprete da música que representa Portugal, Maria João Pires que isso é o que sente profundamente, que gostaria de dar um contributo para quem queira aprender música, fala do seu projeto de um género de ponto de encontro de artistas, mas tem receio de avançar porque em Portugal se entrou numa decadência demasiado evidente, afirma que a crise cultural é geral, diz que tem uma relação estranha com o palco e que o público funciona como um colaborador, gosta de ouvir colegas seus mas não vai a muitos concertos, nunca ouve os seus trabalhos apenas para aprovar os discos que são gravados, trabalho esse que é muitas vezes adiado. Maria João Pires fala da sua paixão pela representação no teatro e cinema e das semelhanças que existe entre essa forma de arte e a música, diz que a sua preferência por este ou aquele intérprete tem a ver com a identificação, Maria João Seixas pergunta se o espaço onde atua influencia a sua atuação e Maria João Pires confirma que é sensível às salas de espetáculo, diz que os auditórios modernos são chocantes e leva a que a pessoa deixe de ter vontade de ouvir e fazer música, lembrando contudo que existem teatros que têm uma certa magia, dando como exemplo a sala de concertos Concertgebouw, em Amsterdão.

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