Os críticos também se abatem – Parte II
Segunda parte da entrevista de Maria João Seixas a Joaquim Leitão, realizador, Julião Sarmento, artista plástico, Jorge Leitão Ramos, crítico de cinema e Alexandre Melo, crítico de arte sobre a influência da atividade dos críticos na adesão do público ao trabalho dos artistas, a relação criador/crítico na comunicação conseguida através das críticas, a subjetividade dos critérios inerentes à crítica cinematográfica e a necessidade de encontrar soluções para uma promoção do cinema português que seja mais eficaz.
Resumo Analítico
Jorge Ramos fala sobre as condições para realizar entrevistas a cineastas ou análises a obras, a edição em jornal de estreia de filmes, recusa da pretensão de promoção do cinema português, dificuldade de obter dados da indústria portuguesa em relação à americana, existência de advertências por parte do diretor de um jornal perante um mau desempenho de um crítico, sistema de classificação por estrelas e bolas pretas, correção pública de impressões críticas. Alexandre Melo pronuncia-se sobre o facto de o autor de qualquer processo criativo gostar de mediatização em torno da sua obra, a criação de estruturas entre produtores e críticos que melhorem o marketing cultural português, necessidade do crítico conhecer o seu papel na sociedade e ter ideias inovadoras no sentido de acrescentar algo ao processo criativo além do apelo ao visionamento, desenvolvimento pela crítica de formas de análise distintas, baseando-se na novidade de ideias e imaginários, classificação das artes plásticas não deve passar pelo sistema das estrelas, papel da produção cinematográfica na promoção. Joaquim Leitão refere a importância da objetividade da estreia de um filme, relação entre o cinema e a crítica, não considerando o primeiro como uma via para chegar ao segundo, acusação aos críticos de "cegueira" face aos filmes, crítica ao esquema das estrelas para classificação, recurso a críticos. Julião Sarmento nega que haja a possibilidade dos críticos "abaterem" os criadores e a existência de ciúmes da parte do crítico, descredibiliza a influência da crítica no público e diz-se admirador dos filmes de Joaquim Leitão, relembrando o impacto do filme "Uma vez por todas", refere o aproveitamento da crítica para a perceção de novidades sobre as suas obras e a promoção de um diálogo construtivo com o crítico, classificação da crítica americana e da portuguesa. Rubrica "Ópera Imaginária": "The Marriage of Figaro" de Wolfgang Amadeus Mozart ilustrada com o filme "Voi che sapete" de Pascal Roulin.