A criação é uma coisa mental – Parte I
Primeira parte do programa apresentado por Maria João Seixas sobre o processo de criação artística, nas suas vertentes mental e física, a origem da descoberta da profissão do artista e o reconhecimento público em Portugal, com os convidados Maria Velho da Costa, escritora, Pedro Cabrita Reis, pintor, Carlos Zíngaro, compositor e músico, e Paulo Rocha, realizador de cinema.
Resumo Analítico
Testemunho legendado do compositor Igor Stravinsky como inventor de música que fala da espontaneidade do ato de criação. Maria João Seixas apresenta os convidados e o tema do programa. Maria Velho da Costa fala sobre o processo de criação, definindo-o como misto, mental e físico, e exemplificando-o com o exercício da escrita, associando o quotidiano ao processo de produção, as origens da sua profissão desde as composições reconhecidas na escola primária, à sua descoberta e a gratificação pelo reconhecimento público, dando uma responsabilidade geral e não individual à formação de um artista. Intervenção de Paulo Rocha sobre a intensificação da busca de algo fora do normal que explique o quotidiano no âmbito cinematográfico, a infância no Porto, o gosto pela escrita associado ao lado observador mas a necessidade de reproduzir as histórias em imagem e som, o esforço físico que se reflete na forma para dar um significado ao fluxo temporal seguido pela componente mental, as relações interpessoais ricas que se estabelecem na profissão de realizador. Excerto do filme a p/b "Verdes Anos" de Paulo Rocha, este define o processo de realização do filme através do sentido gradual que atribui a cada elemento que imagina. Carlos Zíngaro relata as origens da sua opção profissional, o jeito para contar histórias via imagem e som, a evolução morosa e pesada da aprendizagem do violino, que tornou a sua infância diferente e originou a vontade de desistir num processo misto, mental e físico, que só a composição e autointerpretação permitiram inverter, fazendo-o retomar o gosto pelo instrumento, as limitações inerentes à autossuficiência do violino em concertos e a importância da relação com o público como fator exterior cujo feedback dá significado ao trabalho desempenhado. Exposição oral de Pedro Cabrita Reis acerca do porquê de não se ver somente como pintor, da abrangência do que envolve a sua condição de artista e a sua necessidade de extrapolar a pintura, autorretrato a p/b do artista, a dimensão de ator que assume nos trabalhos apresentados e a descrição do processo de criação como mental, por traduzir ideias e conceptualizá-las, e físico, porque é necessário o corpo como forma de expressão.