Temas em debate: Debate em curso na Europa relativamente aos problemas da Emigração, possível encerramento das fronteiras portuguesas, durante a realização do Euro 2004, a suposta complacência da União Europeia pelos incidentes ocorridos na fonteira com Espanha, durante a realização da Cimeira de Sevilha, o fenómeno da Imigração na Europa, a política do atual governo relativamente à imigração em Portugal, o alargamento da Comunidade Europeia, a satisfação pela condução da sua pasta, a situação interna do Partido Socialista, as relações com o atual governo e a possível candidatura às Eleições Presidenciais. Pontos mais importantes da entrevista a António Vitorino: - O possível encerramento das fronteiras nacionais, durante a realização do Euro 2004, não será uma novidade uma vez que durante a realização do último campeonato, que se realizou em 2000, na Bélgica e na Holanda, os respetivos países reinstalaram o controlo das fronteiras internas, ao abrigo dos "Acordos de Schengen". - Relativamente aos incidentes entre elementos do Bloco de Esquerda e a Guardia Civil Espanhola, chama a atenção para o facto do Rei de Espanha ter antecipadamente cumprido as formalidades do "Acordo de Schenguen" e "...a Espanha tomou uma atitude que, pelos vistos, provocou, em meu entender, aquilo que se pode dizer ´excesso de zelo" da parte da Polícia espanhola...". - O problema da Emigração internacional clandestina, do tráfico de seres humanos, que os coloca em redes internacionais organizadas de crime, gera insegurança e deve ser combatida em nome não só da Segurança, mas também da Dignidade Humana. - As sociedades europeias estão a envelhecer, mas ao mesmo tempo não estão preparadas para a transformação étnica que se está a operar (a taxa de imigração líquida é superior à taxa de natalidade dos cidadãos dos países europeus). - Existe um paradoxo relativamente à Imigração na Europa, por um lado a opinião pública considera que existem emigrantes a mais, por outro lado, continuam a haver postos de trabalho que não são atraentes aos cidadãos europeus e que vão sendo ocupados pelos imigrantes. - O fenómeno da Emigração é tão complexo que não se compadece nem com ideias lineares, nem com generalizações fáceis. - A politica de Imigração deve ter em conta três componentes: cooperação com os países de origem da imigração, reconhecer os valores positivos da emigração legal e dar a esses emigrantes um estatuto jurídico de Direitos e Obrigações, nas sociedades de acolhimento, e luta concertada contra a emigração ilegal. - Não é possível tornar as fronteiras estanques à imigração. - As ideias da Extrema-Direita têm conduzido ao aumento da Imigração ilegal. - As medidas nacionais têm um alcance limitado, se não se inserirem numa política comum ao nível europeu, apesar de, no essencial, concordar com a ideia de que o acesso ao mercado de trabalho e da reunificação das famílias contribuí para a integração. - Defende que, para certas fronteiras vulneráveis ou mais sujeitas a pressão, em que os Estados tenham dificuldades em fazer frente à imigração, deveria haver um corpo europeu que os auxilie nessa tarefa. - A Comissão Europeia tem chamado a atenção de Portugal, para o facto da trajetória seguida, relativamente ao pacto de estabilidade, estar a ser lenta e de corrermos riscos. - Tem que se fazer uma aposta geracional na escolaridade e na especialização dos Recursos Humanos; - O alargamento da Comunidade Europeia a outros países, trará impacto a Portugal, que terá de aproveitar muito bem os fundos comunitários até 2006. - A sua pasta representa um desafio pessoal estimulante; - Na Europa há um movimento de alteração do rumo político, levando ao poder forças de Centro-Direita e essas forças terão que chegar a um consenso relativamente ao futuro da Europa (com protagonismo, que contribua para a regulação da globalização e que defenda o seu modelo social de luta contra a pobreza); - Relativamente ao Partido Socialista, o Secretário-Geral, Ferro Rodrigues, fez uma excelente campanha eleitoral e tem uma liderança estabilizada; - Existe um perfeito entendimento entre o Comissário Europeu para os Assuntos Internos e Justiça e o Governo Português; - Considera que algumas das coisas que escrevem sobre si, na imprensa escrita, o deixam espantado "...nunca a felicidade pessoal passou por qualquer tipo de ambição política...".