Presidenciais 91: Debate entre Carlos Marques e Basílio Horta – Parte II
Segunda parte do debate moderado pelo jornalista Mário Crespo entre Carlos Marques, candidato da UDP, e Basílio Horta, candidato do CDS, para as eleições presidenciais que se realizam a 13 de janeiro de 1991, sobre as competências do Presidente da República à luz da Constituição e questões da política nacional.
Resumo Analítico
Carlos Marques define o seu conceito de estabilidade e diz que perpetuar a estabilidade política nos levaria a uma situação igual à que existia antes do 25 de Abril; garante que, se for eleito, respeitará a vontade dos eleitores nas próximas eleições legislativas e empossará qualquer Governo que saia delas; crítica Basílio Horta por o candidato ter dito que nunca daria posse a um Ministro da Defesa comunista; Basílio Horta lembra o seu adversário que o Presidente da República também é eleito pelos portugueses e adianta que o Governo depende politicamente do Chefe de Estado e do Parlamento; esclarece as suas afirmações quanto à questão de dar não empossar um Governo de coligação entre o PS e o PCP; reafirma que não daria posse a um Ministro da Defesa comunista. 37m53: Carlos Marques afirma que a candidatura de Basílio Horta é autoritária e contrapõe a defesa que ele próprio faz da descentralização de poderes; garante que não interfere na vida interna de nenhum partido e adianta que a posição de Horta em relação ao PCP retira democraticidade ao Estado; Basílio Horta diz que o seu adversário vê o Presidente da República como uma figura completamente neutra e diz que a sua posição não tem nada a ver com ditadura mas sim com transparência; defende que o Presidente da República deve informar os portugueses sobre o que pensa do papel de Portugal na Europa; sublinha que o nosso país não pode esquecer as suas afinidades de sempre com os Estados Unidos da América, com o Brasil e com os países africanos de expressão portuguesa. 44m38: Carlos Marques nega defender a neutralidade do presidente da República e dá exemplos concretos de áreas em que o Chefe de Estado pode intervir, nomeadamente, a Regionalização; quanto ao papel de Portugal na Europa, Carlos Marques defende que cada um dos candidatos deve clarificar, perante o eleitorado, a sua posição quanto a vários sectores como a indústria e a agricultura; Basílio Horta garante que não defende uma solução federalista para a Comunidade Europeia; adianta que é um defensor da Regionalização do país e acrescenta que o mais importante é definir quais as competências do Governo central que podem ser transferidas para as regiões a criar. 52m40: Carlos Marques diz que é o Governo central que está a travar as grandes obras de que o país precisa; sobre a Europa, o candidato da UDP defende que é necessário debater como vai ser o futuro Governo da Comunidade Europeia; adianta que Basílio Horta tem uma visão do passado sobre as relações de Portugal com os novos países africanos de expressão portuguesa; Basílio Horta nega que tenha uma visão passadista e diz que Portugal tem de voltar a África como amigo e não como colonizador; os candidatos resumem os princípios das suas candidaturas.