Presidenciais 86, 2ª Volta: Debate Mário Soares vs Freitas do Amaral – Parte I
Primeira parte do debate moderado pelos jornalistas Margarida Marante e Miguel Sousa Tavares entre Mário Soares, candidato do PS, e Diogo Freitas do Amaral, candidato do CDS, os candidatos à 2ª volta das eleições presidenciais que se realizam a 16 de fevereiro de 1986.
Resumo Analítico
Freitas do Amaral diz que da 1ª para a 2ª volta há uma alteração qualitativa na candidatura de Mário Soares; lembra que ainda há um mês o seu adversário dizia que era grave um entendimento entre a Esquerda Democrática e a Esquerda Totalitária e, dois dias depois de ter passado há 2ª volta faz um apelo ao voto dos comunistas, e acusa Soares de estar a aceitar o apoio da direção do PCP. 07m43: Mário Soares diz que se a única coisa que Freitas tem para dizer aos eleitores é falando no pseudoacordo com o PCP, está pobre em argumentos; acusa o adversário de falta de seriedade intelectual; garante que não mudou nem de linguagem nem de propostas da 1ª para a 2ª volta; lembra que fez sempre uma distinção clara entre Esquerda Democrática e Esquerda Totalitária e sublinha que Freitas nunca distinguiu entre Direita Democrática e Direita não Democrática na sua candidatura; Soares garante que não há apoio do PCP à sua candidatura. 18m58: Freitas afirma que desde o início da sua carreira política se demarcou da Extrema Direita e lembra que Soares o elogiou várias vezes pelo seu papel na contenção dessa Direita; diz que Soares foi hábil a fugir à questão do apoio do PCP à sua candidatura; lembra que, há um mês, Soares afirmou que o PCP não dá o seu apoio sem contrapartidas; desafia o adversário a ser coerente e rejeitar o apoio que lhe foi dado pela direção do PCP. 24m35: Soares diz que uma coisa é uma candidatura que nasce com o apoio dos serviços do PCP e outra o que acontece no seu caso, em que o PCP não lhe dá apoio nenhum; acusa Freitas de estimular o radicalismo de Esquerda ao radicalizar à Direita; reconhece que está em jogo um confronto Esquerda-Direita. 28m55: Freitas afirma que a eleição do Presidente não é ideológica e que não envolve a escolha de um programa de Governo nem um modelo de sociedade mas sim escolher uma pessoa para o cargo em função das suas qualidades; diz que não aceita a dicotomia Esquerda-Direita e que Soares é que mudou de opinião porque também já pensou assim; lembra que se dirige sempre ao povo português, enquanto Soares faz apelos ao povo de Esquerda; garante que não há radicalismo de Direita na sua candidatura; afirma que uma vitória do seu adversário provocaria a queda do atual Governo. 37m16: Soares volta a acusar a candidatura do adversário de radicalismo de Direita; afirma que tem condições que Freitas não tem para conter o PCP; reconhece que há pessoas do Antigo Regime na sua candidatura; confessa ter dúvidas quanto à conversão tardia de Freitas à Democracia e lembra-o de que nada fez pelo 25 de Abril. 43m55: Quanto ao Governo de Cavaco Silva, Soares desmente ter alguma vez dito que o demitia se fosse eleito Presidente da República.