Conversa em Família
Programa de reflexões de Marcelo Caetano, presidente do Conselho, sobre a política internacional e nacional, destacando a situação do ultramar português, e lamentando a tentativa de revolta protagonizada por um grupo de jovens militares do Regimento de Infantaria nº 5 das Caldas da Rainha, a 16 de Março. Última "Conversa em Família" transmitida pela RTP.
Resumo Analítico
Marcelo Caetano agradece as mensagens de apoio e estímulo à sua política e reflete sobre as transformações nos vários setores da vida nacional, favoravelmente comentados por estrangeiros, e as mudanças nos valores da sociedade atual e o clima de dificuldades internacional. 36m05: Caetano afirma que "os regimes comunistas são implacáveis para com os anarquistas e se alguma forma socialista visse a estabelecer-se no Ocidente, do que Deus nos defenda, não seria o anarquismo romântico, nem sequer a social democracia oportunista, mas sim um coletivismo tirânico cuja ditadura levaria muitos anos a evoluir para regimes mais humanos" e refere as dificuldades que afetam as condições de vida dos portugueses. 37m30: Referência à recusa do abandono das terras do ultramar, as acusações feitas aos interesses portugueses nas províncias ultramarinas, justificando as motivações histórico-politicas da presença portuguesa no ultramar afirmando que "num mundo que proclama a luta contra o racismo, que nega a legitimidade das discriminações raciais é isso mesmo que defendemos. A possibilidade de na África Austral (...) perseguirem a sua evolução de sociedades políticas não baseadas na cor da pele. Manter o caráter português que irá moldar o futuro das nossas províncias ultramarinas, conferir segurança a quantos sob a égide de Portugal vivem em África e contribuem para nela se radicar a civilização e a cultura que representamos. Eis uma causa que justifica os sacrifícios económicos e o tributo de sangue da nação. Os soldados que em África se batem (...) disso se devem orgulhar. Por isso os devemos honrar". 43m01: Caetano pronuncia-se sobre a vontade de expulsão dos brancos de África e os ataques do grupo dos 24 da Organização das Nações Unidas (ONU) e suas resoluções. 45m44: Referência à aposta dos adversários de Portugal no colapso da retaguarda, lamentando os recentes acontecimentos protagonizados por um grupo de jovens militares, nomeadamente o levantamento das tropas do Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha em Lisboa a 16 de Março de 1974, e crítica aos boatos e rumores perpetuados pela imprensa estrangeira e nacional. 52m15: Menção às receções entusiásticas que os membros do governo e o próprio Marcelo são alvo nas deslocações às províncias ultramarinas e como estas não são percebidas pela imprensa estrangeira e afirma que "enquanto ocupar este lugar, não deixarei de os ter presentes aos portugueses do ultramar, no pensamento e no coração. Procuramos, procuremos as formas justas e possíveis para a evolução das províncias ultramarina de acordo com os progressos que façam e as circunstâncias dos mundo, mas com uma só condição a de que a Árica portuguesa continue a ter a alma portuguesa e que nela prossiga a vida e obra dos quantos se honram e orgulham de portugueses ser".